Desde que o Procurador-geral Hélder Pitta Grós revelou a 29 de Dezembro passado que, dos mais de 1.500 processos a decorrerem os seus trâmites na Procuradoria-Geral da República (PGR), estava a ser dada prioridade aos de Aldina da Lomba e Higino Carneiro, a par dos de Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e Leopoldino do Nascimento “Dino”, estando a PGR a ponderar os que poderão ser já chamados para julgamento que se espera pelos próximos indicados.
Santos Pereira
O “caso GRECIMA” terá conhecido o seu desfecho com a condenaçãos dos réus, embora a defesa tenha recorrido ao recurso. Entretanto, o que não está a ser bem tragado pela opinião pública e a sociedade em geral, é o facto de os réus, Manuel Rabelais e Hilário Santos aguardarem o recurso em casa, antevendo-se desde já um cenário que pode vir a ser igual ao de muitos outros ‘marimbondos’ que acabaram por se escapulir do país.
Os ‘malabaristas’ condenados, porque são de facto criminosos, deviam aguardar o recurso na cadeia, tal é a opinião dos cidadãos nos mais variados meios da sociedade.
Entretanto, desde que o Procurador-geral fez o anúncio publicamente, referindo a conclusão de processos-crime para que os arguidos sejam presentes ao tribunal, nada mais se disse, parecendo que todos estão num impasse, situação que tem motivado especulações sobre um possível «engavetamento» dos mesmos.
O julgamento de Manuel Rabelais terminou. Passados cerca de quatro meses depois de Hélder Pitta Grós ter garantido que novos processos seriam presentes ao tribunal, não há nenhum sinal de que isso venha a acontecer, assim como ainda não se sabe nada sobre o levantamento das imunidades dos deputados Higino Carneiro e Aldina da Lomba, para que, no âmbito dos processos-crime que decorrem os seus trâmites, possam ser julgados, considerando que o procurador informou também, na altura, que a Assembleia Nacional fora já notificada pela PGR para os devidos efeitos.
Enquanto isso, muitos outros delapidadores do erário público que aproveitaram-se dos cargos que exerciam para desgraçar o país, e que devem, igualmente, prestar contas à justiça, continuam impunes, com boa parte deles «camuflados» em deputados na Assembleia Nacional na bancada parlamentar do MPLA, partido maioritário, beneficiando das «santas» imunidades e outros merecendo “protecção” superior.
Todos eles, apesar de acusados de peculato, nepotismo, tráfico de influência, associação criminosa, branqueamento de capitais, traição à Pátria e muito mais, têm merecido alguma “benevolência”, mesmo em face da gravidade dos seus crimes de lesa-pátria e que se consubstanciam como crimes de alta traição contra o país.
Tal situação tem criado no meio social angolano algumas convulsões e os cidadãos, bastante agastados, também pelos apertos em que estão a viver, em grande medida por culpa de dirigentes que desgraçaram (continuam a desgraçar) o país roubando as riquezas nacionais em proveito próprio, exigem que as autoridades, no domínio do tão propalado combate à corrupção, apliquem de facto a justiça, sem “bodes expiatórios!.
Nesta esteira, as autoridades judiciais e criminais, com destaque para a PGR, têm sido apontadas de usarem “dois pesos e duas medidas” no tratamento de processos, “apertando” uns e “aliviando” outros, alegadamente por “conveniências” e “ordens superiores”, mas inclusive, porque acredita-se que alguns funcionários seus sejam acusados de receber supostos subornos para facilitar e até isentar alguns indivíduos dos crimes que cometeram, sendo que muitos já fugiram do país, não obstante as medidas de coação a que estavam sujeitos.
Por estes e outros motivos, diante da crítica avaliação da opinião pública, se Manuel Rabelais ficou sem «imunidade», chegou a julgamento e foi condenado a 14 anos e meio de prisão, o mesmo tem que acontecer com os demais que estão nas mesmas condições.
Segundo os cidadãos, o Parlamento da Nação Angolana e o Executivo não podem ser guarida de bandidos, gatunos e corruptos da pior espécie, sob a capa de deputados e governantes, sejam lá de que partido forem, para que a própria Assembleia Nacional e o Governo de Angola não percam credibilidade e consideração, que já não é muita, não só por parte dos cidadãos nacionais, mas também internacionalmente, correndo o risco de ver o país jogado na imundície.
Para além de nomes bastante conhecidos e mais visados nos “prognósticos” públicos, algumas figuras andam por aí a vangloriar-se e, sorrateiramente, continuam a “envenenar” a atmosfera política nacional já de si bastante poluída.
Muitos desses indivíduos estão a fazer de tudo para não caírem nas malhas da justiça e começam a espalhar a confusão na mente das pessoas, procuram criar outras situações, tudo para que as atenções se voltem contra outros, enquanto eles, encolhidos em seus “buracos”, acabam por ser “esquecidos”.