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Sociedade exige investigação à ABC e João Paulo Tomás

por Redação

Um exemplo dos desfalques que Angola sofreu ao longo dos tempos, assim como o próprio Banco de Poupança e Crédito (BPC), é o denominado “Consórcio Banco de Poupança e Crédito (BPC) e Angola Business Corporation (ABC)”, supostamente envolvendo a Compagnie Bancaire Helvetique (CBA) da Suiça.

Japer Kanambwa

O alegado “consórcio”, segundo João Paulo Tomás “Delon”, presidente da ABC, em Setembro de 2015, iria mobilizar recursos financeiros que visava criar 275 mil micro, pequenas e médias empresas no país.
Na altura, João Paulo Tomás “Delon”, falando à imprensa no final de um encontro entre as partes,disse que a sociedade estava a mobilizar esforços para conseguir financiamentos externos para reforçar a capacidade interventiva do BPC.
De acordo com “Delon”, os projectos estavam contemplados no Programa do Desenvolvimento Estratégico Multissectorial e no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2013/2017. “Elegemos o mercado Suíço para a obtenção de financiamento de diversos projectos, enquadrados no Plano Nacional de Desenvolvimento”, sublinhou.
Como se soube na altura, o projecto visava reforçar alegadas iniciativas do Governo, tendo em conta o combate à fome e à pobreza. O encontro, como foi dito, permitiu a abertura de uma conta bancária para facilitar a correspondência entre os dois bancos.
Porém, tudo não passou mesmo de “promessas” pois, depois das eleições gerais de 2017, ninguém mais soube dos prometidos projectos do dito “consórcio” e da tal “Angola Business Corporation (ABC)”.
Sobre o assunto, nunca mais se disse nada, nem se veio a público esclarecer o que foi feito a real situação. O que se tem visto é apenas uma série de proganda, sobretudo nas redes sociais, com fotos de “falsos” empreendimentos, que na realidade nã existem.
Outrossim, o mesmo consórcio também prometeu construir 170 hotéis de duas e três estrelas em todas as 18 províncias de Angola, num investimento que foi na altura avaliado em 1.265 milhões de dólares, a financiar com capitais estrangeiros, supostamente pelos ingleses da Golden Peaks Capital.
Este investimento teve o aval do Ministério do Turismo que, segundo fontes do sector, terá sido enganado pelo malabarismo do dito empresário, considerando que, o aludido projecto, que devia inserir-se na estratégia do executivo de implementar “hotéis municipais”, com até 50 quartos, em localidades “sem oferta hoteleira condigna”, nomeadamente para apoiar o desenvolvimento e os potenciais investidores nessas regiões, apenas ficou no papel.
De acordo com informação divulgada então sobre este projecto, a construção dos 170 hotéis – cada um com 50 quartos – vai desenvolver-se em três fases, a primeira das quais de arranque imediato este, com 32 unidades de duas estrelas e oito de três estrelas.
Seguir-se-iam outros 40 hotéis, de tipologias semelhantes, em 2016, e a previsão de construção de mais 90 unidades em 2017, igualmente de duas e três estrelas. As três fases deste projecto foram avaliadas em 1.265 milhões de dólares.
O país recebia anualmente 530 mil visitas, mas o sector tinha como meta atingir até 2020 um milhão de trabalhadores e 4,7 milhões de turistas (acumulado), gerando dentro de cinco anos receitas equivalentes a cerca de 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Enquanto isso, João Paulo Tomás “Delon”, o presidente da ABC, tem sido apontado como um indivíduo exibicionista, que faz questão de ostentar luxos e riqueza que, segundo a opinião de analistas, “é uma atitude própria de um charlatão que se aproveitou do descaminho de avultadas somas monetárias do Estado”, acrescentando que “é mais um que tanto prometeu e nada fez, mas embolsou muito dinheiro com a maior das facilidades”, sublinharam.
Hoje por hoje, a sociedade em geral questiona quem é João Paulo Tomás “Delon”, intitulado empresário. Quais são os seus empreendimentos? Quando e como começaram? Entre muitas dúvidas.
No âmbito do combate à corrupção em curso no país e da investigação ao desfalque sofrido pelo BPC durante décadas, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve igualmente investigar a dita Angola Business Corporation (ABC) e o seu alegado presidente João Paulo Tomás “Delon” e exigir a prestação de contas.

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