Apesar do que se tem prometido, das posições das mais altas autoridades do país, começando pelo Presidente da República e demais órgãos de soberania, Angola continua a ser um país em que abundam muitos “chicos espertos”, malandros da pior espécie, que não respeitam nada e seja quem fôr, apenas para tirar proveito da situação que eles próprios, enquanto altos dirigentes, criam, fazendo o povo angolano como meros ‘bobos’.
Santos Pereira
Vem isto a propósito de um encontro mantido entre Sérgio de Sousa Mendes dos Santos, ministro da Economia e Planeamento com a direcção do Ministério do Comércio.
De acordo com informações a que se teve acesso, Sérgio Santos ficou bastante agastado com as importações que têm sido feitas, de produtos não essenciais e dispensáveis, consumindo elevadíssimas quantias ao erário público.
Por exemplo, o ministro da Economia e Planeamento tomou conhecimento de que a directora Nacional do Comércio Externo, Augusta Fortes, priorizou, entre outros, a importação de água gaseificada e cerveja de marca ‘Heineken’.
Num momento em que o país se debate com uma grave crise económico-financeira e está a braços com uma seca que abranje praticamente todo o país, a que se junta a pandemia da Covid-19, havendo populações em penúria alimentar e a morrer de fome, a importação dos referidos produtos é uma autêntica ‘aberração’ que chega a crime de ‘lesa – Pátria’.
Sérgio Santos afirmou mesmo que tem havido «máfia nas importações», porque estão a ser feitas «em sentido contrário às orientações que têm sido transmitidas», sublinhou.
Angola é um país onde já se fabricou de quase tudo. As instalações onde funcionaram as fábricas ainda existem um pouco por todo o país, porém, inactivas e/ou já ‘canibalizadas’, porque são os próprios governantes que, em vez de valorizar os produtos nacionais, apostar numa forte e eficaz produção local, criaram políticas de destruição massiva de tudo, para se agarrarem às importações, por causa das ‘michas’ ou ‘comissões’, além das sobrefacturações. Quer dizer, quando na origem um determinado produto, mais transporte e encargos inerentes custar 10, a factura apresentada ao erário público é sempre três ou mais vezes superior.
Assim foi durante décadas e assim continua a ser. Daí que nem a dita e mui ‘mujimbada’ «diversificação de economia» consiga andar, nem o propalado combate à corrupção ‘amedronte’ determinados indivíduos, porque estão confiantes no «sistema criado e enraízado» no seio das elites do poder em Angola.
Em de se gastar milhões e milhões de dólares a importar determinados produtos, que até também são fabricados no país, no caso de águas minerais e gaseificadas, porque não se aposta na potencialização dessas unidades fabris, para gerar empregos e em vez de serrem os angolanos a importar se passe também a exportar os produtos fabricados em Angola, o que vai gerar proventos para a economia nacional?
Quantas fábricas de cerveja, cujas marcas já foram referência e premiadas a nível internacional, existem em Angola? Algumas até estão a fechar, como é o caso da Eka no Dondo, entre outras, no Huambo, na Huíla, em Benguela, etc.
Importar óleo de palma? Angola sempre fabricou e exportou óleo de palma. O óleo de palma sempre foi fabricado localmente, tanto de forma industrial como artesanal, pela potencialidade que havia em palmeiras por todo o país. Mas, tal com as grandes indústrias de açucar que existiram no país, tanto as palmeiras como a cana-doce, foram simplesmente ‘assassinadas’ de propósito por produtos químicos espalhados nas plantações, para se importar, e abrir portas para o roubo dos fundos públicos por meia dúzia de bandoleiros mafiosos.
O ministro da Economia e Planeamento, Sérgio Santos, tomou boa nota da incongruente situação que reina no sector das importações do Ministério da Indústria e Comércio e garantiu que vai informar o Chefe de Estado para que sejam tomadas medidas pertinentes e urgentes.
Segundo notícias postas a circular na corrente semana, o Ministério da Indústria e Comércio licenciou a intenção de importação de óleo de palma no valor de 21 milhões de dólares, em Dezembro de 2020, e mais de 28 milhões de dólares em óleo alimentar.
Estes dados constam do mapa relativo à importação de produtos da cesta básica, em Dezembro de 2020, apresentados na segunda-feira (dia 11), em reunião do Conselho de Direcção do Ministério da Indústria e Comércio.
Em jeito de justificação, a directora Nacional do Comércio Externo, Augusta Fortes, para determinados produtos, como o óleo de palma e arroz corrente, alguns dos números ainda se justificam pelo facto desses produtos servirem igualmente como matéria-prima para alguma indústria, como é o caso, por exemplo, do arroz corrente, usado também na indústria cervejeira.
O óleo de palma é, igualmente, usado na produção do leite condensado. Quanto aos restantes produtos, nota-se uma redução considerável na importação da maioria, em comparação ao período homólogo.
O ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes referiu, neste encontro, que os números reflectem as muitas oportunidades que o mercado ainda oferece para investimentos, sobretudo na indústria transformadora, havendo, entretanto, uma margem suficiente para se investir na produção local de óleo alimentar e óleo de palma que pode ser aproveitada pelos investidores.
Em comparação com o período homólogo, Dezembro de 2019, os licenciamentos à importação de produtos da cesta básica tiveram uma baixa de mais de 100 milhões de dólares, segundo o mesmo «Mapa descritivo» do referido Departamento Ministerial.
Em Dezembro de 2020, os pedidos de licença para importação de bens da cesta básica e outros essenciais foram estimados em 152. 008.683,65 dólares norte-americanos, para a entrada de 583.360,95 toneladas de produtos diversos.
No período homólogo, de Dezembro de 2019, os números de produtos da cesta básica licenciados para importação fixaram-se em 2.572.075,11 toneladas, com custos de 250.057.159,06 de dólares.