Início Política Saída de Luís Nunes entristece populares na Huíla e em Benguela já se esperava a de Rui Falcão

Saída de Luís Nunes entristece populares na Huíla e em Benguela já se esperava a de Rui Falcão

por Redação

A mexida efectuada pelo Presidente da República com a exoneração dos governadores provinciais de Benguela e da Huíla, está a ser motivo de reacções díspares em uma e outra província. Enquanto em Benguela se fala que a saída de Rui Falcão já era esperada desde o ano passado quando criticou a falta de recursos financeiros, na Huíla, a saída de Luís Nunes causou tristeza no seio da população.

O Presidente João Lourenço exonerou o governador provincial, Rui Falcão, um dirigente que vinha criticando a falta de recursos financeiros, inclusive para a recolha de lixo nas principais cidades, como reflexo do excesso de centralização de poderes, t rês semanas após uma visita a Benguela.
«Não podemos aceitar é que nos passem certificados de incompetência, quando, seguramente, os incompetentes não estão aqui», Rui Falcão, em Setembro do ano passado, disse na presença do ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Marcy Lopes, que «não podemos aceitar é que nos passem certificados de incompetência, quando, seguramente, os incompetentes não estã aqui». Declarações raras de crítica de um governador que apelou também à expulsão dos corruptos do Governo.
Para alguns analistas, uma das razões para a exoneração do governador, que continua como primeiro secretário do MPLA na província, foi também a polêmica sobre a proveniência de fundos para o hospital da Baía Farta.
João Lourenço estava convicto de que tinham sido empresários locais a erguer a infra-estrutura, quando, conforme dizem os programas de investimentos públicos, a obra é resultado do Orçamento Geral do Estado.
O analista político José Cabral Sande, citado pela VOA, disse que «desde o pronunciamento de que os incompetentes estão em Luanda e não em Benguela que ele ditou a sua sentença».
«Todos sabiam que saltaria na primeira oportunidade», afirmou Sande, para quem «o Presidente esperou para não levar o assunto como uma revanche».
«Ninguém me vai dizer que não se sabia do dinheiro do hospital, até porque está aqui o Ministério das Finanças, que tem um delegado que presta contas a Luanda», acrescentou.
No aeroporto de Benguela, de onde seguiu em direcção à capital do país, já na quinta-feira (11), Falcão disse estar de viagem a Luanda «para resolver um assunto» e que vai depois regressar a Benguela.
Enquanto isso, na Huíla, a saída de Luís Nunes foi acolhida com tristeza em muitos sectores da população local que vê na mexida um recuo para a província.
Para o cidadão Gabriel Chivela, com Luís Nunes «a Huíla estava a desenvolver-se bem e isto para mim é uma baixa». Opinião partilhada por Zeferino Luís dos Santos, que disse ter ficado «muito triste porque desde que estou aqui no Lubango passaram tantos governadores e não vi nenhum que asfaltou a estrada do ‘João de Almeida’, sómente o Luís Nunes».
«Por mim acharia que talvez acabasse o seu mandato pelo menos», acrescentou.
Já Pedro Mbanje disse que «não achei bem» a saída de Luís Nunes e rematou: «Não estou de acordo, mas quem manda, manda».
Para o governador que se segue, para muitos um ilustre desconhecido, os nossos entrevistados preferem dar o benefício da dúvida.
«Espero que trabalhe conforme o outro. Esperamos bons frutos para mudar esta cidade porque ainda há muito trabalho por fazer», disse um entrevistado, enquanto outro referiu que «ninguém sabe se o sucessor vai fazer da forma que o Luís Nunes fez. Os mais velhos dizem que o sucessor nunca é igual ao dono, quem retoma nunca é igual ao dono».
Até então vice-governador para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas, o novo governador, Nuno Mahapi Dala, é oriundo do Departamento provincial do Urbanismo e Ordenamento do Território, chegou aos círculos do poder em 2009, na região, pelas mãos do ex-governador, Isaac dos Anjos, de onde nunca mais saiu mesmo com a passagem de João Marcelino Tchipingui à frente da gestão da província. (In Voa)

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