Início Política Regresso de José Eduardo dos Santos em Angola esperado com ansiedade e expectativa

Regresso de José Eduardo dos Santos em Angola esperado com ansiedade e expectativa

por Redação

Como foi anteriormente divulgado, está previsto para este mês de Março o regresso de José Eduardo dos Santos ao país. Na altura, gerou-se grande expectativa no seio da sociedade em geral, considerando o “clima nebuloso” das relações entre o antigo e o novo Chefe de Estado angolano.

Santos Pereira

José Eduardo dos Santos (JES) exilou-se em Espanha, propriamente em Barcelona, pouco depois de ter deixado a Presidência da República e do MPLA, partido no poder.

Passados dois anos, em meio a diversos acontecimentos que tiveram lugar nesse espaço de tempo, José Eduardo dos Santos é esperado emAngola no decorrer deste mês, de acordo com o que foi anunciado.

O possível regresso do ex-Chefe de Estado tem sido motivo, tanto no seio da população como em diferentes meios políticos e sociais, de diversas análises e especulações, a pontos de estar a ser aventada a hipótese de a população organizar uma manifestação de boas vindas a JES.

Apesar dos pesares, a actual situação que o país atravessa, a crise económica, o desemprego, a penúria alimentar, entre outras carências, agravada pela pandemia da Covid-19 que, em certa medida, tem servido de “bode expiatório” para determinadas incapacidades e mau trabalho da actual governação, tem causado enorme frustração social e faz com que se gere uma grande ansiedade nos cidadãos quanto à viagem de JES.

Mais que tempo para desavenças, nos meios já referidos considera-se que é tempo para haver maior sentido de Pátria e de querer, de facto, governar, trabalhar, para o desenvolvimento geral do país e consequente bem-estar dos cidadãos.

Assim sendo, a estadia do antigo Presidente, enquanto também presidente emérito do MPLA, deve ser aproveitada para um diálogo salutar para se encontrar soluções para a resolução urgente de problemas ainda pendentes e que se vão arrastando, aumentando dificuldades e originando outros.

Arrogâncias e orgulhos pessoais em nada têm ajudado e, JES, pela sua experiência e conhecimento de assuntos “melindrosos” que permanecem nos bastidores da governação, pode contribuir muito com conselhos e propostas. Afinal, foram mais de três décadas a governar o país, em meio a filosofias políticas díspares, guerra, negociações e outros processos, até que se alcançou a paz.

Não foi fácil. Hoje por hoje, só se apontam os erros cometidos, mas esses erros também são experiências vividas. Depois de mais de três anos desde que deixou o poder, JES terá tido muito tempo para reflectir, analisar e chegar a conclusões sobre o que fez certo e o que fez errado, pelo que pode ser um conselheiro a ter em conta e ao mais alto nível.

Desde que se anunciou o seu regresso ao país, para Março corrente, o encontro entre José Eduardo dos Santos e João Lourenço tem sido visto como uma peça indispensável para se encontrar soluções para diversos assuntos, possibilitando, também, uma nova abordagem dos casos envolvendo a família Dos Santos.

A data da viagem de JES não foi indicada, porque depedia da situação de saúde do antigo líder angolano, assim como da imprevisibilidade que a Covid-19 coloca a nível de planeamento. Todavia, como se disse, «existe uma efectiva intenção de que a mesma se concretize».

Uma reunião entre João Lourenço e José Eduardo dos Santos não será um sinónimo de paz automática. Até porque a posição definitiva deste último será tomada em articulação com a filha, Isabel dos Santos, que até agora tem recusado qualquer tentativa de entendimento com o actual poder angolano.

Uma prova disso mesmo foi a forma como procedeu durante a chegada do pai a Dubai, quando a visitou por ocasião do falecimento do seu marido, Sindika Dokolo. José Eduardo dos Santos comunicou a decisão de viajar ao Palácio da Cidade Alta e, como tal, foram acionados os mecanismos diplomáticos.

Albino Malungo, embaixador de Angola nos Emirados Árabes Unidos, tratou de todos os pormenores logísticos, mas Isabel dos Santos, à chegada a Dubai, forçou Eduardo dos Santos a recusar o transporte que lhe tinha sido assegurado pelos serviços diplomáticos.

Antes disso, a empresária havia declinado o convite do embaixador para esperar pelo voo do pai na sala VIP reservada para o efeito. Estes dois sinais reflectem o elevado nível de animosidade de Isabel dos Santos para com o actual poder angolano.

João Lourenço na medida em que tem o poder, o MPLA e a esmagadora maioria da opinião pública do seu lado, José Eduardo dos Santos e Isabel dos Santos porque entendem que a crise irá deteriorar de forma significativa a imagem do actual Presidente, como está a acontecer no seio da sociedade em geral, podendo proporcionar uma rebelião interna no seio do partido que suporta o Governo.

Ou seja, todos os cenários para o desfecho desta guerra sem armas são plausíveis. O mais desejado é um armistício duradouro, embora ambas as partes possam aduzir argumentos para rejeitá-lo.

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