Início Política Quadros da Sonangol subornados pela SBM Group para obter vantagens

Quadros da Sonangol subornados pela SBM Group para obter vantagens

por Redação

A acusação suíça que o réu Didier Keller reconheceu como verdadeira identifica detalhadamente os pagamentos feitos pela SBM (empresa holandesa) a quadros da petrolífera angolana Sonangol, quase todos através de três bancos portugueses, revelou o Jornal Negócios.

Assim sendo, Abílio Sianga, administrador executivo da Sonangol à data dos factos, surge no processo como tendo recebido 400 mil dólares para dar vantagem à SBM Group, num concurso para o fornecimento de um sistema de exportação de águas profundas para a exploração ‘Greater Plutonio’.
O processo indica que recebeu essa verba em quatro tranches, duas numa conta pessoal da UBS e duas no BPI, através da empresa ‘Domografos’.
Sianga, que actualmente é embaixador, foi o único a reagir aos factos expostos pela justiça suíça. Numa carta enviada em Outubro de 2020 ao site Club K, disse desconhecer a empresa ‘Domografos’ e acrescenta: «Se o empresário citado (…) disse que subornou, penso que terá optado por uma acção errada, porque tal facto não teve influência na decisão sobre a escolha do vencedor do concurso, uma vez que as escolhas são feitas pelas empresas operadoras».
Para o director de produção da Sonangol à data dos factos, José Sardinha de Sousa, a SBM diz que lhe pagou para ajudar a empresa a vencer os concursos de fornecimento de um sistema de exportação de águas profundas para as explorações ‘Greater Plutonio’ e ‘Kizomba C’. Foram feitas seis transferências, uma de 200 mil dólares e as outras cinco de 100 mil dólares para uma conta no BPI que partilhava com a mulher.
Ruben Monteiro Costa, chefe do departamento de instalações da Sonangol, foi também pago, admitiu Didier Keller, para beneficiar a SBM nos concursos de fornecimento de um sistema de exportação de águas profundas para as explorações ‘Greater Plutonio’ e ‘Kizomba C’. Foram feitas oito transferências para este quadro da petrolífera, todas elas para uma conta do Banif, entre 2005 e 2006. Quatro de 100 mil dólares, duas de 200 mil dólares e outras tantas de 250 mil dólares.
Em relação a Luís Pedro Manuel, identificado como quadro da Sonangol e da sua filial norte-americana à data dos factos, que posteriormente tornou-se CEO da Sonangol USA em 2009, consta que terá recebido um único pagamento de 75 mil dólares numa conta do BCP que partilhava com a mulher, também para beneficiar a SBM na concessão ‘Greater Plutonio’.
Enquanto que para Baptista Muhongo Sumbe, presidente do Conselho de Administração e CEO da Sonangol USA à data dos factos, a SBM reconhece ter feito pagamentos a uma empresa denominada ‘Mardrill’, com sede no Panamá e ligada a Sumbe, através de uma conta no BCP. Foram efectuados cinco pagamentos, três de 938,4 mil dólares e dois de 923,1 mil dólares. São identificadas ainda duas transferências de 100 mil euros para uma conta do próprio no UBS.
Tudo começou em 1998 com a criação da Sonansing, uma joint venture entre a Sonangol e a SBM para uso exclusivo de navios FPSO (Floating Production Storage and Offloading). Posteriormente, Sumbe terá exigido à SBM comissões por este exclusivo, as quais foram materializadas nos pagamentos feitos à ‘Mardrill’. *(Com JN)

Poderá também achar interessante