A notícia dando conta que a Procuradoria-Geral da República (PGR) negou ter recebido das autoridades judiciais portuguesas uma lista discriminada de fortunas de cidadãos angolanos domiciliadas em Portugal, continua a ser motivo dos mais variados comentários, considerando o impacto que a mesma provocou inicialmente.
A imprensa portuguesa pôs a circular nesta semana uma notícia que revelava a entrega às autoridades angolanas de um documento com contas, bens e participações em empresas de pessoas próximas do antigo Presidente da República.
Em meio à tanta polémica que, de imediato, a notícia gerou, o Procurador-Geral da República (PGR) de Angola,Hélder Pitta Grós, negou, na segunda-feira (26), ter recebido das autoridades judiciais portuguesas qualquer lista nesse sentido.
Segundo o Jornal de Angola, que veicula a versão de Pitta Grós, «até ao presente momento, a PGR não recebeu qualquer lista com este teor».
Hélder Pitta Grós reconheceu, no entanto, que «temos tido cooperação e colaboração pontual com as autoridades portuguesas em processos específicos». «Por conseguinte, é frequente deslocarmo-nos a Portugal e a outros países no âmbito da aludida cooperação», reforçou o magistrado do Ministério Público.
O jornal luso noticiou que a Justiça portuguesa, através do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), entregou, na semana passada, a Angola, listasdas fortunas que vários cidadãos angolanos possuem em Portugal.
As listas, que constam de um relatório, têm mais de sete mil páginas e incluem detalhadamente todos os bens que existem em Portugal, com destaque para contas bancárias, aplicações financeiras em fundos de investimento, acções de várias empresas cotadas e não cotadas, imóveis e participações sociais.
O relatório, que cumpre com uma carta rogatória que a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola tinha pedido, há mais de um ano, às autoridades judiciais portuguesas, foi entregue em mão, segundo o CM, a um funcionário judicial da PGR de Angola que se deslocou propositadamente a Portugal.
São dezenas de nomes de cidadãos angolanos que constam da lista, entre eles os de familiares do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. O grosso da informação disponibilizada, segundo o CM, refere-se à Isabel dos Santos. A filha do ex-Presidente fez investimentos nas empresas portuguesas NOS, Galp, Efacec, Millennium BCP, Banco BIC e noutras dezenas de empresas. *(Com agências)