Início Política PGR em acção: Kopelipa e Dino vão ser presos, julgados e condenados

PGR em acção: Kopelipa e Dino vão ser presos, julgados e condenados

por Redação

Até que enfim! A justiça tarda mas chega! Esta máxima pode ser aplicada no contexto do caso que envolve dois dos homens que mais se aproveitaram dos seus cargos no regime de José Eduardo dos Santos para roubar e desgraçar o país. A Procuradoria-Geral da República (PGR), depois de muitas críticas, está a demonstrar que afinal não andou a «dormir à sombra da bananeira» e constituiu arguidos, no âmbito do processo de combate à corrupção, dois elementos que durante muito tempo têm sido considerados intocáveis, apesar dos crimes que lhes são imputados, Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e Leopoldino do Nascimento “Dino”.

Santos Pereira

Para além de Kopelipa e Dino, que nos próximos dias serão presos, julgados e condenados, nomes bastante conhecidos e mais visados nos “prognósticos” públicos, muitas outras figuras andam por aí a vangloriar-se e, sorrateiramente, continuam a “envenenar” a atmosfera política nacional já de si bastante poluída.
Muitos desses indivíduos estão a fazer de tudo para não caírem nas malhas da justiça e começam a espalhar a confusão na mente das pessoas, procuram criar outras situações negativas, tudo para que as atenções se voltem contra outros, enquanto eles se vão safando ao abrigo de artimanhas.
Os generais na reserva Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, foram constituídos arguidos pela Procuradoria Geral da República, confirmou uma fonte geralmente bem informada .
Os antigos chefes da Casa Militar e da Casa de Segurança do ex-Presidente da República angolano são acusados de alta traição, roubo do erário público, peculato, abuso de confiaçança, associação criminosa, braqueamento de capitais, financiamento ao terrorismo, entre outros, num longo processo que tem investigado os seus negócios e procedimentos, adianta a mesma fonte.
O general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” era tido como o homem em quem José Eduardo dos Santos mais confiava. Ex-ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente, realizou vários investimentos em Portugal e outros países, nomeadamente imobiliários e bancos.
Tal como o general Dino, estudou na Europa: especializou-se em comunicações militares na ex-Jugoslávia, o que lhe permitiu o acesso a informação confidencial, tornando-se de uma utilidade evidente para José Eduardo dos Santos.
O poder trouxe-lhe fortuna, que em boa parte era resultado das actividades de uma sociedade angolana chamada Grupo Aquattro Internacional, criada em 2007 em parceria com outros sócios, entre eles o seu colega e sócio general Dino.
A sociedade controlava, por sua vez, uma subsidiária chamada Portmill Investimentos, que comprou em 2009 uma participação de 24% no Banco Espírito Santo Angola (BESA) ao BES, então liderado por Ricardo Salgado.
O investimento terá sido financiado com dinheiro emprestado pelo próprio BESA, envolvido em transações avultadas em numerário, e um segundo empréstimo do mesmo valor por parte do Banco Angolano de Investimento.
Os referidos sócios e seus comparsas lucraram, em conjunto, 1,3 mil milhões de euros com a venda da sociedade offshore Nazaki Oil and Gas, detentora dos direitos de exploração de petróleo no mar angolano. O negócio surgiu após uma investigação da SEC (a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários norte-americana), agência responsável pela vigilância das bolsas de valores e das companhias cotadas. A Nazaki tinha uma participação na Cobalt, uma empresa de prospeção petrolífera parceira da Sonangol e cujos contratos levantaram suspeitas.
São ainda conhecidos interesses de Kopelipa na comunicação social, como proprietários de jornais, rádios e da TV Zimbo, alguns desses investimentos foram feitos em parceria com outros sócios do mesmo grupo.
No âmbito do combate à corrupção em curso no país, foi notícia que Kopelipa entregara voluntariamente a gestão dos terminais dos portos de Luanda e Lobito, que tinham sido concedidas a duas empresas da sua família. No entanto, o general garantiu que «actuou apenas como representante legal do accionista da Soportos, José Mário Cordeiro dos Santos, seu familiar», por este se encontrar «ausente do país por motivos de saúde».
Entretanto, são inumeráveis os negócios de Kopelipa, cujas empresas foram todas constituidas com dinheiro do Estado angolano.
Já o ex- Consultor da Casa Militar da Presidência da República, ao tempo de José Eduardo dos Santos, general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, foi um dos “delfins” do ex-chefe de Estado e conseguiu criar uma colossal fortuna de forma meteórica e ilícita.
Em conjunto com os seus pares, sobretudo Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, há muito que deveriam estar presos e os capitais que roubaram repatriados, assim como tudo quanto obtiveram roubando o Estado.
A sua fama de bom ladrão atravessa fronteiras há muitos anos, tendo espantado meio mundo quando comprou acções de multinacional suíça desembolsando mais de 200 milhões de dólares.
Apelidado como o «homem dos 750 milhões de dólares» desde 2010, o tal negócio que violou a Lei da Probidade Pública em Angola conferiu a Dino uma fortuna de 750 milhões. Mas onde Dino foi buscar o dinheiro para investir? Foi a pergunta que ficou por responder.
Entre as páginas de um prospecto da Bolsa de Valores de Luxemburgo e papéis de uma auditoria, encontrou-se detalhes de um negócio realizado em 2010, quando a multinacional suíça Trafigura vendeu 18,75% do capital da subsidiária Puma Energy International.
Onde é que o ‘general Dino’ arranjou o dinheiro, cerca de 213 milhões de dólares, para comprar uma larga fatia de uma companhia energética? E por que a Trafigura iria vender essa fatia a um dos oficiais mais influentes no Governo angolano?
A Trafigura vendeu à Sonangol, em 2011, 20% da Puma Energy. Mais tarde, repassou à petrolífera estatal angolana outros 10%, por 500 milhões de dólares. Feitas as contas, as acções teriam saído mais caras à Sonangol do que ao general Leopoldino do Nascimento.
Por que é que a petrolífera estatal Sonangol pagou mais pelas participações na Puma Energy International do que o general Dino? Porque tinham uma longa relação com Dinoo, que era um proeminente homem de negócios em Angola e que já não ocupava uma posição no Governo.
Mas, na realidade, Leopoldino do Nascimento continuava a exercer funções no Governo como consultor do general ‘Kopelipa’, ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente angolano. Como é que um general no activo preside negócios dentro e fora do país, negócios privados que se cruzam com negócios do Estado, enquanto era ilegal à luz da lei da Probidade Pública em Angola.
Dino tem acções da UNITEL, Biocom, em uma rede de supermercados e de um grupo de comunicação. Além de deter 50 por cento de uma outra empresa: a DTS Holdings.
Entre muitas outras falcatruas e engenharias, foi assim que o general Dino se tornou num dos homens mais ricos de Angola e de África.
Agora, a Kopelipa e Dino, espera-os a cadeia. Outros se seguirão!

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