No passado dia 29 de Novembro, o foragido administrador municipal do Dirico, Miguel Kassela, ofereceu dinheiro a alguns regedores e sobas, para irem à sede da província solicitar uma audiência com o novo governador provincial do Cuando Cubango, José Martins, no sentido de o influenciarem para que não seja exonerado
Domingos Kinguari
Segundo informação prestada ao Jornal 24 Horas online por um grupo de militantes do MPLA que andam descontentes com a administração de Miguel Kassela desde que se encontra à frente dos destinos do município do Dirico, o referido administrador apenas trouxe mais desgraças, retrocessos e o roubo do erário público, que é a sua forma de governar.
As fontes referem que os regedores e sobas saíram do Dirico para Menongue para irem ter com o governador, no sentido de pedirem para que não exonere Miguel Kassela e a sua equipa do “saque público”.
Enquanto isso, apurou-se que as referidas autoridades tradicionais ainda não foram recebidas pelo governador José Martins, por falta de tempo na sua agenda para receber os sobas que, para conseguirem a audiência, estão a contar com o esforço do vice-governador Antas Miguel, que assumiu o cargo a convite de Júlio Bessa.
Os sobas e regedores que não são de linhagem e que pertencem ao MPLA no Dirico, receberam trezentos (300) mil Kwanzas para irem pedir e convencer o novo governador para não exonerar os corruptos que administram aquela circunscrição, valores que foram disponibilizados pelo administrador municipal Miguel Kassela.
A delegação está a ser acompanhada, ou seja, dirigida, por um tal de Ndulu, e a viatura que os transporta é conduzida pelo motorista de Ndulu, identificado apenas por Lino. Ndulu é o chefe para área social da administração municipal do Dirico.
Os regedores e sobas, para além do dinheiro que receberam da parte do administrador municipal, receberam também, para abastecer as suas casas, sacos de arroz, fuba, feijão, óleo alimentar, sal, açúcar e peixe seco. Diz-se que Ndulu é um dos ‘cipaios’ de Miguel Kassela e controla quem fala mal do administrador municipal.
Segundo a fonte, a ideia destes ‘sequazes’, é fazer com que Miguel Kassela permaneça no cargo como administrador até atingir a sua reforma. Na pretendida audiência, que já tem o arranjo do vice-governador provincial Antas Miguel, que faz parte do esquema, a intenção é evitar que Miguel Kassela seja exonerado, para não ser responsabilizado pela justiça, porque, se acontecer, também se sentarão no banco dos réus porque têm sido coniventes nos seus crimes. Para evitar isso, querem a todo custo que Kassela continue como administrador. Contudo, a população pede a sua exoneração imediata e a responsabilização dos ilícitos pela justiça.
Recorde-se que o administrador do Dirico é natural do Kuvango, na província da Huíla, e já foi administrador municipal da Jamba, na mesma província, durante doze anos.
Ainda de acordo com a fonte, que cita alguns círculos do MPLA no Dirico, também a rainha do Cunene não quer ver mais Miguel Kassela no cargo de administrador municipal, porque tem feito uma gestão ruinosa, estando mais preocupado em enriquecer a custa do erário público.
Aquela entidade tradicional está a efectuar corredores a partir do comité provincial do partido, para fazer chegar a sua preocupação ao comité central e bureau político, considerando que não concorda igualmente com a posição de ‘moços de recado’ em que se transformaram as autoridades tradicionais que foram para Menongue, que terão recebido como recompensa cinquenta a cem mil Kwanzas para encobrirem os crimes de Miguel Kassela.
Ladrões abandonam o serviço e deixam município à deriva
Em função da exoneração de Júlio Marcelino Bessa, o município do Dirico, com a protecção do vice-governador Antas Miguel, encontra-se entregue aos ‘abutres’, devido a prolongada ausência, sem qualquer justificação, do seu administrador municipal, Miguel Kassela.
Na mesma esteira, também o seu adjunto, o secretário-geral, o director do Gabinete de Estudos, Estatísticas e Planeamento (GEPE), o director dos Recursos Humanos, o director da Educação, Juventude e Desporto, o director do Gabinete Jurídico, o director da Saúde e o presidente da Comissão Municipal Eleitoral, desde final de Agosto, que estão ausentes daquela circunscrição sem qualquer justificação.
Tal como já foi avançado por este Jornal recentemente, o comandante municipal da Polícia Nacional, o delegado do Serviço de Inteligência e de Segurança de Estado, respectivamente, o intendente Roque Júnior e Lázaro, os sobas e regedores, estão a administrar atabalhoadamente o município e, para dirigir a área da Saúde, criou-se uma comissão de gestão.
A lei permite apenas um mês para ausência justificada para os gestores públicos; mas, neste caso, a maioria deles estão fora dos seus locais de serviço há quatro meses e continuam a receber os seus salários, demonstrando que existe uma protecção ‘misteriosa’, com conivência do secretário-geral do governo provincial do Cuando Cubango.
Contactou-se via telefónica, na última segunda-feira (06), Miguel Kassela, para esclarecer a sua ausência prolongada no município do Dirico, entre outros assuntos de que é acusado, mas o mesmo não atendeu as nossas ligações.