Focos de descontentamento social têm sido identificados em diversos setores da sociedade angolana que repudiam o desempenho do Presidente João Lourenço pelo alastrar dos nefastos efeitos económicos e sociais da crise que o país vive há alguns anos, nomedamente desde 2014.
Japer Kanambwa
Com o aparecimento imprevisto da pandemia do Coronavírua (Covid-19), que piorou substancialmente a situação, já de si bastante precária dos angolanos, os cidadãos fartos de promessas vãs e de muita teoria dos governantes, deixaram de acreditar nas políticas do Chefe de Estado, por considerarem que tudo quanto prometeu combater, corrigindo o que está mal e melhorar o que está bem, só tem piorado a cada dia.
Os cidadãos já não se coibem de dizer abertamente que João Lourenço diz uma coisa e faz outra, sobretudo no que toca ao combate à corrupção. Hoje por hoje, acentuaram-se as práticas de corrupção na administração do Estado, a Polícia e demais autoridades continuam a exigir “gasosa” extorquindo os cidadãos e, todas estas situações, prejudicam em grande medida a população, com a agravante de estar a espalhar-se impunemente.
Diante de tudo isso, a que se acresce a perceção de que o Governo atirou a população ao “Deus dará” e tudo quanto dizem os governantes não passa de “areia atirada aos olhos” dos cidadãos, o povo está a perder o respeito e, consequentemente, o temor, apesar da tendência cada vez mais repressiva das autoridades.
Recentemente, depois de decretado o Estado de Emergência, um grupo de ex-militares, estimados em mais de seis centenas, saiu à rua, desafiando a lei, em manifestação por não se ter cumprido a promessa que lhes foi feita de ingresso na Polícia Nacional depois da desmobilização.
No sábado, dia 3 de Junho do corrente ano, um numeroso grupo de cidadãos, maioritariamente jovens, em pleno Estado de Calamidade, manifestou-se nas ruas de Luanda, exigindo do Executivo, transparência, uma correta gestão da administração da coisa pública e respeito pelos cidadãos no que tange aos seus direitos plasmados na Constituição e que têm sido constantemente espezinhados pelos governantes e autoridades policiais.
O Jornal 24 Horas teve acesso a uma informação que dava conta de que, na passada quinta-feira, 2 de Junho, realizou-se, algures em Luanda, uma reunião de militares das Forças Armadas Angolanas (FAA), com o objetivo de analisar a atual situação geral do país.
De acordo com uma fonte militar que participou na referida reunião, cujo nome e patente não foram revelados, os militares concluiram que, desde sempre, o país tem sido muito prejudicado pelas políticas do MPLA. “João Lourenço é general e está a governar o país como se estivesse a comandar uma brigada. Em cerca de três anos à frente dos destinos do país, em vez das prometidas melhorias, tudo piorou. Por isso, o MPLA tem que deixar o poder”, referiu o oficial.
Entretanto, segundo informações que circulam, reina no seio do MPLA e do regime em geral, um forte sentimento de intranquilidade e desconfiança entre os seus membros, denotando instabilidade causada pela perda de popularidade e influência em diversos sectores da sociedade que sempre lhes foram dedicados.