Nos últimos dias, diversas são as manifestações de descontentamento popular que vão acontecendo um pouco por todo o país e, em especial, em Luanda. É dado assente que o MPLA, a cada dia que passa perde popularidade.
Japer Kanambwa
Em causa está o crescente nível de miséria a que as populações estão votadas, enquanto há notícias de governantes que continuam a delapidar o erário público, bem como a ostentação de riquezas e mordomias por parte dos mesmos.
O MPLA é o partido que governa Angola desde que o país ascendeu à independência e, diante do quadro actual, tem sido severamente criticado pela sociedade em geral, até mesmo por militantes seus, por abandalhar muitos quadros de alta valia, a pontos de que alguns estão pura e simplesmente abandonados à sua sorte e/ou propositadamente esquecidos.
Em seu lugar são beneficiados indivíduos arrogantes, incompetentes, muitos dos quais, apesar de já terem dado provas da sua desonestidade, continuam em cargos-chave.
Homens que sabem lidar com as massas populares, os grandes activistas e cabos eleitorais do MPLA, que muito fizeram pelo partido, que foram na realidade os verdadeiros mentores das esmagadoras vitórias populares e eleitorais do MPLA, hoje são preteridos, alguns estão a passar dificuldades, a favor de elementos cuja ambição é apenas o poder, esquecendo-se que o poder sem povo não é nada.
O povo lamenta a ausência e o silêncio do carismático Bento Bento, do popular Bento Kangamba, do decidido Matsudá da Mabor, entre outros tantos militantes e mobilizadores das massas populares que sabiam conversar com o povo, prestavam ajuda real aos necessitados, conviviam com eles em todo o lado e sabiam ajudá-los a contornar as dificuldades.
Hoje, perante os acontecimentos actuais, com a pobreza e a miséria a aumentar todos os dias, ao que se acrescenta o menosprezo que determinados dirigentes votam ao povo, há um crescente sentimentos de revolta, principalmente na juventude.
A sociedade está realmente descontente e alarmada; a tensão pode medir-se a olho nú e só não sente quem não quer.
Os militantes do MPLA, que também são cidadãos, não concordam com muitas das decisões que são tomadas e lamentam que o partido esteja a ser esvaziado da experiência de alguns camaradas abnegados e acérrimos defensores da causa, que ainda podem e muito têm a dar tanto ao MPLA como ao país.
O povo chora por Bento Bento, Bento Kangamba, Matsudá e os demais que, ultimamente, deixaram de ser tidos e achados pelos actuais dirigentes do partido no poder.
O prestígio destes homens no seio da sociedade, deve-se não só ao seu carácter humilde, mas também ao grande empenho com que realizavam as tarefas do seu partido, o zelo com que cumpriam as orientações superiores e o amor ao povo.
As proezas deles afiançaram ao MPLA enormes benefícios, sobretudo no que toca à mobilização das massas e transmissão das mensagens do partido, encorajavam a organização das suas estruturas de base e incutiam confiança e serenidade.
Na situação actual, o MPLA, os seus actuais dirigentes deviam beber da sua experiência; até porque, como diz o ditado popular, «da boca do mais velho é que saiem as boas palavras» e, ao que se sabe, eles próprios lamentam a situação e estão dispostos ainda a dar o seu saber, o seu esforço, em prol do resgate da mística do MPLA.
Os actuais dirigentes do MPLA devem ter neles elos importantes na maquinaria do partido e apelam ao Presidente João Lourenço a ter em conta a abnegação e a grande contribuição que deram, e ainda podem dar, ao partido, sobretudo nesta circunstância de crise social e partidária, sem esquecer que são grandes cabos-eleitorais por excelência e devem ser considerados para futuras campanhas.
«São militantes de mãos cheias e não devem nunca ficar de fora», consideram os militantes. Dêem a César o que é de César!
