Início Política Ministro do Interior contrariado pela deslocação “sem aviso” de deputados

Ministro do Interior contrariado pela deslocação “sem aviso” de deputados

por Redação

O Ministro do Interior de Angola criticou a deslocação de partidos políticos para Cafunfo e disse que os deputados, para saírem, têm que cumprir com todas as normas. «Se alguém saiu, saiu ilegalmente».

O ministro do Interior de Angola criticou a presença de alguns partidos políticos em Cafunfo, na província da Lunda Norte, onde várias pessoas morreram, diversas outras ficaram feridas e 16 foram detidas, na sequência de uma manifestação.
Eugénio Laborinho, que falava sobre o incidente ocorrido em 30 de Janeiro, que as autoridades classificaram como um «acto de rebelião», por os manifestantes terem atacado uma esquadra de polícia, com armas de fogo, armas brancas e objectos contundentes.
Sem citar nomes, o ministro disse que alguns deputados da oposição já se encontram na região «a tentar escamotear a situação e criar uma situação fora do normal».
Segundo Eugénio Laborinho, um partido político com assento parlamentar para sair tem que ser autorizado pelo presidente da Assembleia Nacional.«E mencionar o motivo que lhes faz deslocar para esta determinada posição, município, comuna, aldeia, sair ilegalmente à busca de quê? Confusão? Se alguém saiu, saiu ilegalmente», afirmou.
O governante angolano acrescentou que os deputados para saírem têm que cumprir com todas as normas, autorizados pelo presidente da bancada parlamentar e pelo presidente da Assembleia Nacional e dar a conhecer aos órgãos de defesa e segurança o trajecto que vão percorrer.
«Nós temos conhecimento disso, por isso é que somos força de segurança, para garantir a segurança de todo o cidadão. Tinha que ser uma comissão parlamentar conjunta, se saiu tinha que ser uma comissão parlamentar conjunta – MPLA, UNITA, PRS, CASA-CE, FNLA – assim, agora só sai um, não sei, vamos ver isso», salientou.
Uma delegação do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que integra cinco deputados, foi retida à entrada de Cafunfo. Em declarações à Lusa, o primeiro secretário do grupo parlamentar, Alberto Ngalanela, disse que no controlo policial alegam que não estão autorizados a entrar porque não receberam nenhuma comunicação da administração municipal e que teriam de ter uma autorização da Assembleia Nacional.
A deslocação da delegação da UNITA ao Cafunfo visou a recolha de informações sobre os acontecimentos do passado sábado nesta região rica em recursos minerais que resultou em vários mortos, feridos e detidos.

Deputados retidos e impedidos de receber alimentação

Enquanto isso, notícias postas a circular dão conta de que o grupo parlamentar da UNITA, maior partido da oposição angolana, denunciou quinta-feira (04), que um veículo com mantimentos foi impedido de os entregar aos cinco deputados e dois activistas retidos, desde quarta-feira, à entrada da vila de Cafunfo.
Numa denúncia pública, a que a comunicação social teve acesso, o grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) referiu que os deputados foram impedidos pela polícia de receber os mantimentos que lhes foi prontamente enviado, a partir do município do Cuango.
De acordo com a nota, os deputados e activistas passaram fome horas a fio, por terem sido retidos a cinco quilómetros da entrada da vila mineira de Cafunfo, para onde se deslocaram com o objectivo de constatar o incidente ocorrido em 30 de Janeiro naquela região, que resultou em diversos mortos, cinco feridos e 16 detidos, segundo a polícia, na sequência de uma manifestação, que o Governo classificou como rebelião armada, por atacarem uma esquadra policial.
Os polícias no local disseram que, por alegadas «ordens superiores» não podem permitir a entrega dos mantimentos, salientou a nota.
«O grupo parlamentar vem por este meio denunciar mais esta grosseira violação das autoridades à Constituição, numa autêntica revelação de autoritarismo e de falta de humanismo, de quem devia ser o guardião da lei e promotor dos direitos e garantias dos cidadãos», lê-se no documento.
À comunidade internacional e aos angolanos, o grupo parlamentar da UNITA, instou a indagarem o Presidente da República, João Lourenço, «a que nível de intolerância quer levar o país, violando as suas promessas eleitorais de melhorar a postura do seu antecessor, quando desrespeita e humilha membros de um órgão de soberania, cuja única culpa é constatar as circunstâncias de um acto que dizimou dezenas de cidadãos angolanos».
O grupo de deputados e activistas encontra-se retido à entrada de Cafunfo por não ter sido autorizada a sua passagem, como disse à Lusa o primeiro secretário do grupo parlamentar, Alberto Ngalanela.
Alberto Nagalanela referiu que no controlo policial alegam que não estão autorizados a entrar porque não receberam nenhuma comunicação da administração municipal e que teriam de ter uma autorização da Assembleia Nacional.
«Disseram que há um aglomerado de pessoas no comité da UNITA, em Cafunfo, e que o momento, como é sensível, não se recomenda a presença dos deputados», afirmou Alberto Ngalanela, esclarecendo que esta é uma missão do grupo parlamentar e, por isso, não carece de autorização da Assembleia Nacional. (In OBS)

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