A criação de empresas “fantasmas”, algumas sedeadas em Angola, outras no estrangeiro e/ou em vários países ao mesmo tempo, foi sempre um estratagema que serviu para ludibriar o Estado angolano, por altos dirigentes e membros do Executivo, entre outros, e que resultou no mega desfalque que Angola sofreu durante décadas e lançou o país no abismo da miséria e sofrimento.
Japer Kanambwa
O antigo PCA da Sonangol e ex-Vice – Presidente da República, Manuel Vicente, é um dos “marimbondos” que mais se aproveitou do erário público para enriquecer. Enquanto chefe da Sonangol criou empresas e consórcios por todo mundo que, além de servir para o desvio de enormes carregamentos de petróleo bruto, branqueavam o capital obtido ilicitamente no país e “assinavam” contratos com a petrolífera angolana para consultoria, assessoria técnica e prestação de serviços vários.
Como se tratavam de “fantasmas”, os contratos apenas serviam para roubar, sem haver a contrapartida dos serviços acordados. Muitos destes “esquemas” estão a ser revelados e um deles tem a ver com a Riverstone Oaks Corporation (ROC), alegadamente propriedade de Manuel Vicente e seus comparsas Orlando Veloso e Francisco Lemos.
Segundo fontes do setor, a ROC foi constituida apenas para roubar a Sonangol e a Sonip, tendo-se apoderado ilicitamente de vários empreendimentos e imóveis,como prédios, condomínios e terrenos.
As notícias que circularam então fazem referência que, entre Junho e Julho do ano de 2016, durante o período em que Orlando José Veloso, foi o PCE da SONIP, este ausentou-se de Luanda por cerca de um ano.
Nessa altura, a engenheira Isabel dos Santos assumiu a presidência da Sonangol e iniciou o período de “caça às bruxas”. Porém, Veloso e companhia, retiraram da ROC aproximadamente 10.000.000 (dez milhões) de dólares, que foram enviados para contas de terceiros e se efetuar o seu “branqueamento” no exterior, o que aconteceu e pode ser verificado facilmente através de auditorias às contas).
De acordo com as fontes, a empresa ROC- Riverstone Oaks Corporation, é propriedade dos sócios Manuel Vicente, Francisco Lemos e Orlando José Veloso, contudo, são representados por s“testas de ferro” como: Norberto Couto Morais Marcolino (“testa de ferro” de Manuel Vicente); Solange Josefa Antônio Alberto (“testa de ferro” de Francisco Lemos); Sandra Quengue Dias dos Santos Joaquim (“testa de ferro” de Orlando Veloso) com quem vive em união de facto há mais de anos e com quem tem quatro filhos, com idades entre 5 e 20.
As referidas transferências dos dez milhões de dólares foram efetuadas conforme se segue: Em 07/06/2016, foi transferido da conta 1995516830001- BFA – AKZ, para a empresa Famar Prestação de Serviços e Consultoria, o valor de 265.000.000 AKZ.
Em 17/06/2016, foi transferido da mesma conta, 1995516830001– BFA, para Edson Veloso (filho de Orlando Veloso), o valor de 240.000.000 AKZ.
Um dia antes, 16/06/2016, foi transferido da conta 2127224615001- BAI – USD, também para Edson Veloso , o valor de 2.000.000 (dois milhões) de dólares.
Contudo, em 14/06/2016, fora transferido da conta 1540682- BFA – AKZ, ainda para Edson Veloso , o valor de 700.000.000 AKZ.
Em 07/07/2016, foi transferido da conta 3074605731001- BFA – AKZ, para Bruno Costa (genro de Orlando Veloso), o valor de 170.000.000 AKZ.
Neste mesmo período, foi transferido da empresa ROC- Riverstone Oaks Corporation, através de diversas transferências, o valor aproximado de 25.000.000 (vinte e cinco milhões) de dólares, para a empresa Corstar SA (NIF 5417202452).
Esta última, também empresa dos mesmos 3 sócios, porém, tendo como “testa de ferro”, o genro de Orlando Veloso, Bruno Costa, casado com sua filha Nayr Costa Veloso. Esta empresa já devia ter sido investigada, porque servia unicamente para branqueamento de capitais, furtando-se inclusive ao pagamento dos impostos devidos.
Outras empresas, também de propriedade dos mesmos indivíduos e que urge que sejam investigadas, são as empresas Pocthe Limitada NIF 5401132476, e a empresa Homestar AS – NIF 5417166693, também utilizadas para branqueamento de capitais.
Numa grande jogada de “malabarismo mafioso” a ROC roubou da Sonangol condominios e terrenos, entre outros, qu e depois revendeu à sua subsidiária Sonip. A ROC criou também a empresa “Dreams Leisure- Hotelaria e Turismo” – NIF 5417073334, igualmente propriedade do trio de sócios citados acima e é a gestora do Hotel HCTA, que é (era) propriedade da empresa estatal Sonangol.
Enquanto isso, usando a Sonip como capa, principalmente no período em que esta era gerida de acordo com a conivência dos três sócios e proprietários da “Dreams Leisure”, Manuel Vicente, Francisco Lemos e Orlando Veloso, nunca houve uma correta prestação de contas das atividades da subsidiária da Sonangol.
Ao invés disso, a estatal Sonip era usada para que se efetuassem pagamentos no valor de 1.000.000 (um milhão) de dólares, às empresas ENAKAR Lda, e à empresa Homestar- AS (empresas “fantasmas” e propriedade do mesmo trio), em seu nome. Isto é, além do fato de a empresa proprietária (Sonip), não receber os valores devidos do seu empreendimento, ainda ordenava que a “colaboradora”, Dreams Leisure, repassasse à terceiros parte dos valores devidos a si, alegadamente por investimento por conta do proprietário, devido a serviços prestados, mas que facilmente pode-se verificar tal fraude, visto que não existem serviços prestados ao Hotel HCTA nessa altura, assim como não existem faturas destas empresas, emitidas para tais serviços.
Tão pouco, estas empresas têm ou tinham competências para prestações de serviços em semelhantes montantes ao Hotel HCTA, o que pode ser verificado com uma simples análise à contabilidade das empresas envolvidas.
Porém, segundo duas correspondências a que se teve acesso, emitidas pela Sonip à dita Dreams Leisure autorizando tais pagamentos, a primeira foi assinada pelo então “teste de ferro” de Orlando Veloso na Sonip, Atendel Chivaca, e a outra, assinada pelo próprio Orlando Veloso.
Após a demissão de Atendel Chivaca da Sonip, ele exigiu que tal documento por si assinado, fosse-lhe devolvido, o que forçou o próprio Orlando Veloso, embora, nessa altura, já ausente da Sonip e de Luanda, a elaborar outro documento e substituir o anterior dentro da sua própria empresa (Dreams Leisure). Contudo, verifica-se que o documento anexo, autoriza o pagamento por conta de terceiros, somente à empresa ENAKAR, tendo o total autorizado de 1.000.000 (um milhão) de dólares, sido dividido e transferido em parcelas de 400.000 dólares à empresa Homestar e 600.000 dólares à empresa ENAKAR, todas empresas “fantasmas” cuja finalidade é (era) o branqueamento de capitais.
Para que conste, a empresa ENAKAR, tem como proprietários: Elisa Eurico de Oliveira Tavares, (mas que pode estar a usar, oficialmente, algum “testa de ferro”) e Orlando Jose Veloso que, tal como a sua sócia, utiliza outro “testa de ferro” para fins inconfessos.
Elisa Eurico de Oliveira Tavares é “testa de ferro” de Orlando Veloso em diversos negócios em Luanda, como lavandarias, creches e pré-escolas, além de empresas comerciais em Portugal e outros negócios em Dubai e China. Conhecem-se há mais de duas décadas desde que trabalharam juntos , inicialmente na extinta DENG e posteriormente na Sonip e alcançou a função de diretora de Gabinete. Posteriormente, foi guindada a “testa de ferro” do seu então chefe, chegando ao status de sua sócia em vários outros negócios.
Tão logo, Orlando Veloso foi afastado da Sonip, em meados de 2016, a mesma iniciou um processo junto da sua empregadora (Sonangol), solicitandode licença por “alegados motivos de saúde” e teve êxito, conseguindo-a.
Atualmente destá a dedica-se exclusivamente à gestão dos seus negócios e do seu sócio Orlando Veloso, ocupando para tal, um gabinete em outra empresas de Velososeu, a SIGMA GROUP.
As fontes afirmam que o Hotel HCTA, foi desde o início, um instrumento utilizado para desvios de recursos públicos, considerando que desde a sua construção, fiscalização da obra e o seu equipamento mobiliário, tudo ficou a cargo dos seus “algozes”, ou seja, a SIGMA GROUP, que continua a saqueá-lo até aos dias de hoje.
Por exemplo: as cozinhas do Hotel foram feitas pela empresa NAYMAR – Empreendimentos Lda, NIF 5401135998, propriedade dos filhos de Orlando José Veloso, Rogério Catarino Veloso, Nayr Costa Veloso e Gisela Diogo Veloso, por valores substancialmente superiores aos custos reais. Da mesma forma, a manutenção, não só das cozinhas, mas de todas as instalações do Hotel HCTA, sempre foi mal, porca e precariamente efetuada, por valores exorbitantes, também por uma empresa do “trio mafioso”, a SG – Services (NIF 5402135223).
O grupo deste “trio” é composto por várias empresas, criando um longo emaranhado com participações de umas nas outras e com utilizações de “testas de ferro”, com o objetivo de baralhar e dificultar os órgãos competentes de chegarem aos seus efetivos proprietários.
Muito mais há sobre esta imensa rede de crimes hediondos e de lesa-Pátria e o “24 Horas” promete que vai continuar a deslindar e a revelar os fatos. A sociedade angolana, espera que os órgãos competentes da Justiça, honrem o seu trabalho e ajudem o Presidente da República no combate à corrupção, à impunidade, ao nepotismo e se ponha fim definitivo às “engenharias” desses criminosos que estão a destruir o nosso país e a fazer sofrer os angolanos!