Início Política Manuel Homem criticado pela divulgação atrasada do falecimento do governador do Uíge

Manuel Homem criticado pela divulgação atrasada do falecimento do governador do Uíge

por Redação

Enquanto a sociedade angolana continua a manifestar consternação pela morte do governador do Uíge, Sérgio Luther Rescova, ocorrida na noite de sexta-feira (09-10), vítima de doença súbita, aos 40 anos de idade, em Luanda, depois de ter sido evacuado de emergência da província do Uíge, os cidadãos lamentam em paralelo o atraso com que os órgãos de comunicação públicos divulgaram a notícia.

Mwanza Mukondolo

Quando já as redes sociais faziam, em grande escala, referência ao infausto acontecimento e já era motivo de muita especulação, os media públicos só confirmaram a ocorrência cerca de 12 horas depois.
Por este motivo, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, tem sido alvo de várias críticas, porque, segundo o que se propala, está mais preocupado em defender o desempenho «enganoso» de políticas do Executivo, do que propriamente primar por uma comunicação social isenta, imparcial, actuante e actual.
Recentemente, Manuel Homem, em relação a acusações de censura pelo caso que envolve o chefe de Gabinete do Presidente da República, Edeltrudes Costa, defendeu veementemente que não sabia do que se estava a falar, porque em sua opinião, «não assistimos nada relacionado com censura nos órgãos públicos ou privados, portanto esta é uma matéria que tem sido desenvolvida de forma intencional para prejudicar todo um trabalho que o executivo tem estado a fazer de reforma na comunicação social».
Analistas consideram que as ditas «reformas» é o abafamento de vários órgãos considerados «incómodos» pelos governantes.
Assim sendo, os meios de comunicação social do Estado, em grande parte do vasto território de Angola, assim como para grande parte da sua população, ainda são o único meio de informação. Mesmo em Luanda e em outras grandes cidades do país, a Internet e/ou as modernas redes sociais não abrangem toda a gente e por muitos motivos, que são, ou deviam ser, do conhecimento do Sr. Ministro Manuel Homem.
Ora, os media do Estado têm a obrigação de serem os primeiros a divulgar situações do interesse nacional e não só, tanto pela potência e abrangência dos meios modernos à sua disposição, como pelo grande número de profissionais que dispõem. É inconcebível que órgãos potentes e de grande audiência como a Rádio Nacional, TPA, Angop, etc, sejam os últimos a divulgar ou confirmar notícias que já estejam horas a circular em outras fontes.
No caso do passamento físico de Luther Rescova, um filho que muito tinha para dar ao país, que o povo angolano está a lamentar profundamente, devia ter havido mais profissionalismo, prontidão e actualidade.
Diz-se que a «mentira têm pernas curtas», mas o mentiroso profissional sabe bem que até a verdade vir à tona, a mentira já fez o estrago necessário, já cumpriu o motivo real da sua criação.
A mentira é uma técnica de comunicação que foi criada há séculos e tem sido utilizada ao longo dos tempos até aos dias actuais. Muito encontrada nos meios pessoais, de negócio e, principalmente, no meio político, pode ser nefasta de acordo com os seus propósitos.
Como mentiras «bem contadas» pode-se exemplificar as que são constantemente colocadas aos povos pelos governantes, mesmo até aos cidadãos considerados de nível intelectual superior à média. Todos são, ou podem ser, alvos de mentiras «bem contadas», para manter certas políticas e conveniências dos que detêm o poder.
Há casos que chegam a ser descarados, com bombardeamentos de falsos cenários e propaganda falsa da realidade política e sócio-económica do país, entre outras aldrabices, como a de que o povo vive bem, quando o que reina é a miséria.
A ferramenta mais importante para propagação de uma mentira, ou seja, uma «boa» mentira, é sem dúvida nenhuma a forma da sua distribuição. Ela é distribuída por meios que vão desde os meios de comunicação até ao chamado boca-a-boca, ou ainda se utilizar-se uma mescla de meios mais convenientes para a ocasião.
Outro facto é que, naturalmente, a memória do homem é muito curta e, por isso, a mentira deve ser constantemente alimentada para que sempre esteja em evidência na memória das pessoas. Essa é outra técnica que deve ser utilizada com mestria e, normalmente, não é dada a atenção necessária a esse detalhe. Mesmo que as mentiras sejam repetidas, as técnicas mal empregadas na sua constância, não são eficientes ou carecem de mais «sofisticação», aquela que pelo menos deixa dúvidas quanto à sua veracidade.
Este portal de notícias, verga-se perante a memória de Sérgio Luther Rescova, um combatente intransigente pela causa social dos angolanos e um jovem que manifestava as suas ideias com fervor, clareza, sem qualquer receio e de forma directa e inconfundíve. À família enlutada e a todos que lhe eram queridos, os mais sentidos pêsames deste colectivo de trabalhadores.

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