Fazendo jus ao adágio de que «em política vale tudo, mesmo jogar sujo», ou «os inimigos de ontem são os amigos de hoje», Adalberto Costa Júnior, actual presidente da UNITA, não olha a meios para atingir fins, demonstrando que, neste capítulo, foi um bom discípulo de Jonas Savimbi.
Mwanza Mukondolo
São cada vez mais insistentes e consistentes as notícias que aludem ao facto de que o actual líder do Galo Negro, Adalberto Costa Júnior, é um político bastante ambicioso e que quer, seja por que meios forem, atingir os seus objectivos.
Nos últimos dias, referem as notícias, Adalberto é o mentor de uma campanha, que está a liderar, para a formação de uma dita «frente ampla» para enfrentar o MPLA, podendo as acções de tal «frente», além de aproveitamento político, estar já a usar a subversão para agitar as populações, valendo-se da actual crise que se vive no país com todas as suas consequências, quebrando a estabilidade e harmonia, com manifestações de rua que, naturalmente, não terão nada de pacífico.
Segundo o presidente da UNITA, a propósito deste assunto, «o seu partido não vai engolir sapos e estará na linha da frente do combate por uma Angola para os cidadãos nem que, para isso, no limite, tenha de sair às ruas», fim de citação.
Esta postura agora tomada pelo líder do maior partido da oposição, surge logo a seguir a diversas referências sobre um alegado financiamento que a filha do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a empresária Isabel dos Santos, lhe terá concedido, como reforço para levar avante uma campanha sem tréguas contra o MPLA e, principalmente, contra o Presidente João Lourenço.
Na mesma linha, refere-se também que o apoio à UNITA não tem sido apenas de Isabel, mas inclusive dos seus irmãos, ou seja, da família Dos Santos.
Embora a UNITA negue tal aliança e o respectivo apoio, considerando as notícias como «totalmente caluniosas, irresponsáveis e inaceitáveis», a verdade é que, a nível internacional, tem havido cada vez mais referências de contactos secretos com representantes de Isabel dos Santos e/ou da sua família, no sentido de se criar estratégias macabras para desestabilizar o país.
Inclusive, sublinha-se, quando do processo eleitoral na UNITA, para a substituição de Isaías Samakuva, devido aos demais potenciais acandidatos, Adalberto não teria formas de chegar à presidência do partido. Tal só foi possível com o apoio financeiro que lhe concedeu Isabel dos Santos em troca de posterior aliança.
Para analistas do panorama político nacional, «o país está diante de um dilema em que a situação económica e social do país está a servir de pretexto para atingir-se objectivos que em vez de trazer benefícios para os angolanos, poderá evoluir para uma tragédia».
«Para quem foi um duro crítico do regime de José Eduardo dos Santos e das fraudes cometidas por sua família, ao tornar-se agora um aliado da mesma, é caso para dizer que Adalberto não está com meias medidas e não olha a meios para atingir fins», sublinham os analistas.