Início Política José Martins, governador do Cuando Cubango envolvido com nepotismo, intriguistas e trapaceiros

José Martins, governador do Cuando Cubango envolvido com nepotismo, intriguistas e trapaceiros

por Redação

As várias organizações da sociedade civil estabelecidas no Cuando Cubango, incluindo alguns militantes de proa do MPLA, subscreveram uma carta ao Presidente da República, João Lourenço, ao ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Adão de Almeida, dando a conhecer que é pretensão do governador, José Martins, “reabilitar” alguns quadros da era de Higino Carneiro e Pedro Mutindi, que dirigiram alguns departamentos provinciais e defraudaram o Executivo em proveito próprio. Os mesmos podem ser nomeados para cargos de direcção a qualquer instante

Domingos Kinguari

Na carta, a que tivemos acesso e foi endereçada ao Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenco, com cópia ao chefe dos Serviços de Segurança do Estado (SINSE), general, Fernando Garcia Miala e a Adão de Almeida, ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, considera-se que não há muitas dúvidas nas mexidas que o actual governador, José Martins, irá efectuar nos próximos tempos.

«Muitas dessas mexidas estão eivadas de objectivos inconfessos e não é para dar uma nova dinâmica ao governo, como pretende o PR. As mexidas em causa visam somente trazer à ribalta antigos dirigentes que já estiveram nas governações de Higino Carneiro e Pedro Mutindi, que governou em 2016, e que foram exonerados por má gestão do erário público. Os mesmos dirigentes são apologistas do regionalismo e do tribalismo, situações que já foram banidas, mas que poderão voltar a acontecer  se forem nomeados novamente. Esta situação está a gerar muita confusão nas hostes do MPLA no Cuando Cubango», alerta-se.   

Para os subescritores da missiva, «essas mexidas que poderão acontecer em breve, será uma jogada muito perigosa, que poderá criar descontentamentos no seio da juventude local e dos militantes em geral. Pergunte-se ao Wagner Ndulo, o segundo secretário da JMPLA local, porque é que não foi a membro do comité central? Não foi porque José Martins decidiu indicar Afonso Marity Mukanda, filho de João Fernando Mukanda, o trapaceiro que trabalha no governo da província, sentado na sala com o comando da Zap na mão, e que não faz nada sem tirar qualquer dividendo monetários», denunciam.

Ainda de acordo com o que e referida carta descreve, «agora que José Martins chegou ao poder, a sua turma teme porque talvez não consigam ser governo tão depressa, ou seja, não sejam nomeados administradores municipais, porque em Março de 2022 o Executivo cessa. Assim, para criar alvoroço, decidiram atacar com calúnias e desestabilização as autoridades tradicionais locais», aludem.

«Não esqueçam que a Constituição da República, separa o direito positivo do direito costumeiro, não deixando que as autoridades tradicionais interfiram nos programas do Executivo e vice-versa, desde que não atentem contra a dignidade da pessoa humana», enfatiza-se. 

A missiva chama a atenção para que se controle «o que acontecerá no Cuando Cubango nos próximos dias, considerando que o referido grupo de embusteiros, que não pretende mais esperar e quer tomar de assalto as administrações do Dirico, Rivungo, Mavinga, Nancova e Cuangar, decidiu agitar as autoridades tradicionais para forçarem encontros com o governador para lhe dizerem que o povo não quer mais os administradores daqueles municípios e forçá-lo a nomeá-los, mas isto não constitui verdade porque são eles que estão a pagar a alguns sobas que assim procedam. Tem sido prática no Cuando Cubango alguns dirigentes, para se manterem nos cargos, usarem os sobas, subornando-os com dinheiro, comida e utensílios agrícolas para intercederem a seu favor. É o caso deste grupo que se está a preparar para assumir cargos nas mexidas que o governador quer efectuar e que não se recomendam», alertam.

Porém, aponta-se, «o problema nisto tudo é que o governador parece não saber que a questão é muito sensível ao querer mover qualquer administrador, porque o MPLA já está praticamente em campanha, e nesta altura mudar o administrador que também é o primeiro secretário municipal do partido vai mexer em todo um quadro já estabelecido e desse modo estragar todo o trabalho político que já se fez para que o MPLA no Cuando Cubango possa ganhar as eleições de 2022 de uma forma folgada. Isso só vai ajudar a intenção dos fantoches e trapaceiros querem boicotar o MPLA», sublinha-se.

‘Trapaceiros’ prestes a serem nomeados

A missiva assegura que há uma grande promiscuidade no actual governo do Cuando Cubango, onde se misturam uma série de familiares, como o caso João Fernando Mukanda e de seu filho, Pedro Mukanda, que ocupam cargos de chefia no gabinete provincial, sendo o filho adjunto do pai, entre outros casos de nepotismo descarado que são uma autêntica pouca-vergonha.

Contudo, tais práticas têm sido ignoradas pela IGAE e pela PGR, que vão assim permitindo o roubo do erário público.

Os subscristores referem que «não podemos permitir que o Cuando Cubango entre de forma atabalhoada  nas eleições por causa de caprichos de pessoas que não conseguem chegar ao poder por merecimento, mas sim por meio de corrupção, calúnia, difamação e violação dos estatutos do MPLA. Jose Martins é uma ‘marioneta’ nas mãos do embusteiro João Fernando Mukanda. Os demais trapaceiros que aspiram cargos de administradores municipais são: Francisco Manjolo, Ernesto Cativa, Afonso Dala, Benjamim Ndumba João e Nelson Armando, este último apontado como não tendo terminado o ensino médio; quando esteve na Mavinga, para trabalhar na Angola Telecom, terá conseguido  um certificado de habilitações literárias do PUNIV como se o mesmo se tivesse sentado numa carteira», revelam.

Assim sendo, alertam para que «o governo provincial não aceite qualquer documento escolar proveniente das mãos de Nelson Armando, ou seja, deve-se verificar nos arquivos das escolas para confirmação. Sempre andou a estudar na bajulação, intriga, nesta área é ‘professor catedrático’. Ele andou no protocolo a limpar os pratos do governo provincial do Cuando Cubango no tempo do João Fernando Mukanda até à era do governador Pedro Mutindi que esteve no Cunene e em 2016 esteve em Menongue. Este teve pena dele e foi-lhe dando um empurrão para que chegasse à faculdade sem ter passado pelo ensino médio, que pouca vergonha. Este indivíduo, caso seja nomeado administrador municipal, apenas tem o fim de delapidar o erário público. É necessário que se trave o governador para que estas nomeações absurdas e com carácter regionalista não aconteçam», adverte-se na missiva.

Segundo uma fonte ligada ao governo provincial, José Martins deu garantias «a Fernando Mukanda, que o seu filho, Afonso Mukanda, será nomeado administrador do Kuito Kuanavale; Melastona da Costa, vai para o Dirico; Severino Sawanda para o Cuangar, em substituição de Amélia Marta; Gabriel Ulongo vai substituir a senhora, identificada apenas por Odeth, em Mavinga; António Smith Mukanda, vai substituir Joaquim Assureira no Cuchi; Tiago Nunda vai para o gabinete provincial da Saúde e Mirko Macaya, que também entra na jogada e está a cobiçar um cargo, mas não é bem visto tanto pela sociedade civil como pelo próprio partido», delatam.

Os reclamantes referem que «José Martins não é diferente da elite que causou o atraso da província do Cuando Cubango, e isso viu-se na forma como saudou Bento Francisco Xavier, apelidado o ‘homem do Dirico’, na entrevista concedida ao jornalista William Tonet. José Martins sempre esteve ao lado de Bento Francisco Xavier, um dos que organizaram a queda de Júlio Bessa. Se José Martins começou com intrigas e se deixa levar por opiniões doentias, não deve ter muita saúde mental. Perguntem às pessoas que vivem no Cuando Cubango, como a segunda secretária do comité provincial do partido, Clara Katviva, que foi expulsa da casa de passagem do partido por José Martins, dando-lhe vinte e quatro horas para se retirar da residência sem levar em consideração o facto de ter sido sua chefe, enquanto segundo secretário da JMPLA e ela primeira».

«Para um inquilino somos capazes de dar trinta a quarenta e cinco dias; mas a coitada da Clara Katviva foi escorraçada sem qualquer consideração e esta situação levantou um alvoroço no seio da estrutura do MPLA. Quem viu os camiões sabe a forma como transportaram tão rapidamente as coisas da Clara Katviva, alegando que era orientação do presidente do partido. É esse Cuando Cubango à moda dos conflitos antigos que nós queremos?  Nós vivemos muito tempo em Menongue e nos conhecemos e as informações sempre nos chegam. O que queremos não é criar agitações, mas sim, fazer entender ao governador que o momento é para trabalhar no mesmo diapasão para que possamos achar o tão desejado desenvolvimento da província», consideram com alguma nostalgia.

‘Cipaios’ controlam funcionários no governo 

O Jornal 24 Horas online contactou alguns funcionários do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da província do Cuando Cubango, na última sexta-feira (07), que não aceitaram identificar-se. Os mesmos não aceitaram comentar a carta dizendo apenas que têm conhecimento da mesma. «Aqui não se pode falar nada, porque o governador montou uma ‘polícia de queixinhas’, ou seja, há ‘cipaios’ em todos os departamentos que têm como missão ouvir e retirar o nome de quem está contra o edil da província. Por isso não podemos falar…», disseram lamentando os funcionários seniores daquele gabinete. 

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