O anúncio da confirmação da sobrefaturação das rendas dos edifícios alugados pelo Governo do Cuanza Sul para residências protocolares dos vice-governadores e uma em Luanda para a representação do governo, confirma a denúncia feita por funcionários governamentais, já publicada pelo “24 Horas”, dos golpes mafiosos e desmandos que têm marcado negativamente a administração do governador Job Capapinha.
Japer Kanambwa
Uma das políticas do MPLA, ou dos seus dirigentes, entranhou na mente de muitos angolanos que ainda a consideram uma coisa normal, porque os próprios dirigentes são os primeiros a praticá-la: “O cabrito come onde está amarrado”! E assim passou a imperar a lei corrupta do “cabritismo”.
Vendo bem, quem “come amarrado ao que não lhe pertence”, é parasita. Só os parasitas sugam o sangue dos outros; “amarram-se” ao corpo dos outros para comer. Infelizmente para Angola e para o povo mais sofredor, esse é o procedimento dos dirigentes e governantes do país.
A denúncia dos trabalhadores, para além da sobrefaturação dos imóveis, referia-se também ao aluguer de viaturas, igualmente protocolares, que orçam um valor superior ao da compra das mesmas, entre muitos outros crimes, numa clara demonstração de prepotência, uso e abuso do erário público.
O documento referido, também faz alusão à conivência dos chefes da Polícia Nacional, do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e da própria Procuradoria Geral da República (PGR) nos desmandos do governador, “porque comem na mão de Job Capapinha”, sublinha a missiva.
Ora, depois de tais denúncias virem a público, divulgou-se que uma comissão da Inspecção-Geral da Administração do Estado esteve a trabalhar naquela província para avaliar as várias denúncias ligadas à irregularidades na atual gestão e concluiu que tem havido realmente o crime de peculato com gestão danosa do erário público.
Em seguida, outra informação que a SIC, no Cuanza Sul, emitiu um mandado de revista, busca e apreensão de cartões da rede de supermercados Maxi em posse de responsáveis do Governo Provincial local.
De acordo com o mandado, os cartões estão em nome do Palácio do Governo Provincial, da Casa Protocolar do vice-governador para o Setor Técnico e Infra-estruturas, da vice-governadora para o Setor Político, Económico e Social, do Gabinete do Governador, do secretário geral e em nome do protocolo do Gabinete do Governador.
O mandado foi assinado pelo magistrado do Ministério Público junto do SIC do Cuanza Sul, António Soares da Cruz, e apelava às autoridades que auxiliassem no cumprimento da apreensão dos cartões.
Junta-se ao já referido que Job Capapinha, também está a ser alvo da acusação de estar por trás da falsificação de uma dívida pública do governo provincial que dirige, ao Grupo Chicoil Lda, no valor de mais de 16 mil milhões de kwanzas.
Recorde-se que Capapinha, que já foi governador da província de Luanda, deixou atrás de si um enorme rasto de acusações de crimes que terá praticado enquanto gestor provincial. Voltaremos!