Início Política Ismael Diogo da Silva, à semelhança de Cosme, é outro fugitivo da justiça angolana

Ismael Diogo da Silva, à semelhança de Cosme, é outro fugitivo da justiça angolana

por Redação

Ismael Diogo da Silva, ex-presidente da Fundação Eduardo dos Santos (FESA) considerado como um dos maiores malandros e um dos mafiosos que atiraram o país para a miséria em proveito próprio, tendo realizado diversas actividades pouco claras e lesivas ao Estado, é um dos fugitivos da justiça angolana.

Japer Kanambwa

Como foi exaustivamente noticiado, Ismael Diogo, mesmo sob TIR, fugiu do país. O ofuscamento de mais este caso, entre tantos de muitos outros trapaceiros, vai dando motivos para que se continue a considerar o combate à corrupção em Angola como selectivo, político e com alvos definidos.

Por mandato da Procuradoria Geral da República (PGR) foi detido em 2018 e depois, enquanto prosseguiam as investigações, foi submetido ao Termo de Identidade e Residência (TIR). Contudo, até ao presente, nada mais se sabe do caso, nem do seu paradeiro. 

Apesar das alegações que têm sido passadas pelas autoridades criminais e judiciais, nomedamente a PGR, as mesmas não convencem e apenas estimulam a crença de que existem, de facto, dois pesos e duas medidas no que diz respeito a quem deve e/ou não deve ser abrangido pelas medidas anti-corrupção e recuperação de activos e fundos públicos. 

De acordo com analistas do sector, a forma como alguns dos acusados se têm furtado às acusações e penas, motiva, também, para que nos próprios meios judiciais, se façam interpretações de que alguns procuradores estejam a aceitar subornos, em troca de protecção e/ou retirada de acusações, sobretudo quando os arguidos ‘entregam’ ao Estado imóveis e bens (considerados uma gota de água no oceano, pela enormidade dos roubos cometidos). Mas,geralmente, os mesmos não entregam as contas bancárias no exterior, pelo que, levantam-se as maiores suspeições em termos de actuação de procuradores.  

Na mesma esteira, Ismael Diogo realizou diversas actividades pouco claras e lesivas ao Estado, nomeadamente o negócio escuro que envolve um terreno dos CFL vendido por uma das suas empresas à Embaixada da China, num conluio com o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, já julgado e condenado a 14 anos de prisão maior.

Ismael Diogo da Silva, para quem o conhece bem, é um indivíduo de «maus bofes» e muito senhor de si, ao estilo de perigosos líderes de quadrilhas de gangster’s.

Entre tantas acusações que pesam sobre si, encontrava-se sob TIR (Termo de Identificação e Residência), depois de ter sido detido pela Procuradoria-Geral da República por se recusar a responder a várias notificações da justiça, devido a uma acusação relacionada com o desvio criminoso de 25 milhões de dólares dos cofres do Conselho Nacional de Carregadores (CNC).  

Antes da sua fuga para o estrangeiro, de acordo com notícias que circularam, o também ex-diplomata, ter-se-á comprometido em devolver ao Estado os 25 milhões de dólares surripiados ao erário público, antes de ter sido libertado sob TIR, mediante pagamento de uma fiança.

Porém, dias depois, o homem esfumou-se e, dos 25 milhões de dólares, nem a PGR, nem as demais autoridades, ‘tugiram ou mugiram’. Especula-se que parte daquele valor serviu para ‘comprar’ a ‘passagem’ que o fez sair do país, ou seja, por outras palavras, foi o preço que pagou para subornar algumas ‘autoridades’, entreoutros, que engendraram a sua fuga e arquivaram os seus processos.

Em relação a actividades pouco claras e lesivas ao Estado por parte de Ismael Diogo, nomeadamente o já citado negócio escuro que envolveu um terreno dos CFL vendido pela empresa de Ismael à Embaixada da China, num conluio com o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, a Procuradoria-Geral da República, segundo fontes fidedignas, terá tomado boa nota do assunto, mas até à data presente nada mais se soube sobre o referido processo. 

Em seguida, depois de uma visita do Chefe de Estado, João Lourenço, a alguns hospitais da capital do país e às instalações da Central de Compras de Medicamentos e Meios Técnicos (CECOMA), em cujo edifício funcionava a Angomédica, o nome de Ismael Diogo voltou à baila.

O Presidente da República, no local, acabou por descobrir uma das maiores sujeiras do regime anterior. A Fundação Eduardo dos Santos (FESA), então liderada por Isamel Diogo da Silva, cometeu um dos mais descarados e desumanos crimes que este país já viu, ao apoderar-se da então fábrica de medicamentos (Angomédica), que acabou por ser transformada em uma «Central de Compras de Medicamentos e Meios Técnicos» (CECOMA), de onde se surripiava chorudas comisões. 

Como se não bastasse, a instituição que foi liderada por Ismael Diogo, supostamente uma instituição de beneficiência social, ainda alugou o edifício da ex-Angomédica, construído pelo Estado, à CECOMA, pelo exorbitante valor de 3,5 milhões de Kwanzas/mês, na altura, num «negócio pouco claro».

Há ainda a burla  do Grupo SUNINVEST – EMSA, uma das muitas propriedades de Ismael Diogo da Silva, ao Instituto de Estradas de Angola (INEA), num valor de mais de cinquenta milhões de dólares para a execução de quatro projectos que nunca foram concluidos.

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