Quando a direcção da UNITA indicou Navita Ngola para assumir os destinos do partido no Huambo fez de caso pensado, em virtude do MPLA ter, também, na liderança uma mulher, Lotti Nolika, que responde, ainda, pela gestão administrativa, política, económica e social da província. A sobreposição de funções, governadora e primeira-secretária, tem abrindo caminhos de vantagens para que a UNITA ganhe, à vontade, espaço junto da massa votante.
O sinal dessa vantagem ficou evidente quando, a 7 de Abril, o Instituto Superior Sol Nascente promoveu um debate entre as duas líderes partidárias, com o objectivo de analisar os principais desafios sociopolítico que as eleições representam para a província do Huambo.
Lotti Nolika, alegando agenda de trabalho, ‘fugiu’ do debate. Navita Ngola esperou-a, por horas a fio, nesta instituição, até que a organização decidiu pelo seu cancelamento. “Não foi bom para imagem da camarada Lotti. O que é que a classe estudantil ficou a pensar sobre a sua capacidade de retórica política?”
É esta insegurança política, da líder da província, que causa nas hostes dos militantes do “ême”, no Huambo, um receio que não seja alcançado o resultado registado nas últimas eleições, de três a dois deputados, em virtude de uma opaca acção de mobilização e sensibilização, coisa que Navita Ngola tem está a conseguir com maior facilidade.
Lotti Nolika representava, quando chegou ao governo da província e a primeira-secretária do MPLA, a esperança do povo do Huambo, por ter sido uma aposta em quem conhece os cantos da casa. Mas o “cenário tem sido de letargia”, disse um membro desse partido, assegurando que a primeira-secretária dos camaradas não tem conseguido travar o fenómeno Navita Ngola.
A primeira secretária da UNITA, no Huambo, basta um “simples assobio” para que os militantes desse partido compareçam em massa em qualquer comício. É esta vantagem que tem estado a preocupar as bases do partido na província, pelo que solicitam uma intervenção das estruturas centrais para “encurtar” esta desvantagem.
A continuidade na aposta de deputados já com “idade de reforma”, como Armando Capunda e Bibiana Nandombua, em detrimento de quadros mais jovens, tem sido apontado, também, com um dos factores que têm desincentivado os militantes, considerando que não “renovação de quadros” ser um retrocesso que só dá vantagem a oposição.
“Ir à luta com anciões, numa praça eleitoral forte como o Huambo, não funciona. É oferecer a vitória à oposição.”
Há uma ala que defende a necessidade do MPLA mandar vir de Luanda, com carácter de urgência, uma “força tarefa” para auxiliar máquina de mobilização do partido no Huambo, à semelhança que aconteceu, em Setembro de 2016, quando João Baptista Kussumua veio, “em sprint”, para evitar uma humilhação nas urnas.
Na altura, em 2016, o ‘irreverente’ Liberty Chiyaka, na liderança da UNITA, já tinha colocado o finado Kundy Paihama no tapete. O quadro apontava para uma estrondosa derrota do MPLA no Huambo, devido à inactividade do antigo general “Onça da Montanha”, cujo factor idade começa a pesar em acompanhar os passos do opositor.
O saudoso José Eduardo dos Santos, alertado da situação política no Huambo, enquanto presidente do MPLA, não vacilou e ‘despachou’ para o Planalto Central o então ministro da Reinserção Social, como filho da terra, para inverter o tabuleiro do jogo, atribuindo-lhe os cargos de governador e primeiro-secretário.
A lentidão da máquina do MPLA, no Huambo, a quando se está a dias do início da campanha eleitoral, está a preocupar os seus militantes. É no meio dessa letargia que Navita Ngola tem, como garantem algumas vozes, Lotti Nolika no “chinelo”, sem contar, ainda, com “as ameaças” políticas de António Solia, do PRS, que espera «roubar» um lugar na disputa eleitoral do próximo dia 24 de Agosto.