A exploração de recursos naturais (RN) em áreas protegidas, com destaque para o petróleo, tem sido motivo de muita polêmica, com diversos especialistas a posicionarem-se contra a decisão do governo e as críticas acusando os governantes de não se importarem de cometer um ecocídio e muito menos com as gravíssimas consequências que advirão para as próximas gerações.
Santos Pereira*
Desta feita, mais um ambientalista angolano denuncia que ao longo de anos foram realizadas actividades económicas «ao arrepio da lei» e que se devem procurar pontos convergentes entre autoridades e sociedade civil. «Todas as áreas de conservação tiveram um desenvolvimento que foi contra a lei», afirma Vladimiro Russo.
O ambientalista angolano Vladimiro Russo denunciou segunda-feira (01.03) que ao longo de anos foram realizadas actividades económicas «ao arrepio da lei» nas zonas protegidas em Angola e que poucos projectos contribuíram para o desenvolvimento destas áreas. «Todas as áreas de conservação tiveram um desenvolvimento que foi contra a lei e que nenhum deles ou muito poucos contribuíram para o desenvolvimento daquelas áreas de conservação», afirmou segunda-feira (01) Vladimiro Russo, citado pela Lusa.
O ambientalista referiu que Angola tem um passado de actividade económica nas áreas de conservação ou circunvizinhas onde «há um impacto bastante negativo» e defendeu que se deve procurar por pontos convergentes entre autoridades e a sociedade civil.
O governo colocou em discussão pública a lei sobre as áreas de conservação ambiental, aprovada em Abril de 2020, visando acomodar a exploração de recursos minerais e petróleo nas áreas de conservação. A iniciativa é contrariada por vários ambientalistas e actores da sociedade civil, que já remeteram ao governo um abaixo-assinado defendendo a salvaguarda das áreas protegidas devido à sensibilidade que elas apresentam.
O ambientalista, que também ratificou a petição, falava à margem do Fórum sobre Exploração Petrolífera em Áreas de Conservação Ambiental, organizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), e considera que a sociedade civil deve ser incluída na discussão da lei.
«Há aqui duas correntes e estas colidem em alguns aspectos, pelo que devemos procurar consensos e ver como é que esta actividade a ser realizada dentro das áreas de conservação pode permitir que haja de facto uma conservação e não uma destruição dos recursos nessas áreas», notou.
O «desenvolvimento em Áreas de Sensibilidade Ambiental», foi o tema apresentado por Vladimiro Russo no último painel deste fórum que decorreu em Luanda, tendo o ambientalista questionado o «possível casamento» entre a exploração e a conservação de zonas protegidas.
«Vamos buscar exemplos da nossa experiência e depois perguntar se Angola tem capacidade para gerir este tipo de actividades dentro das áreas de conservação sem colocar em perigo as comunidades biológicas e também as sociedades», questionou.
A exploração petrolífera em Angola, estratégias e perspectivas, quadro legal aplicável ao sector petrolífero e actividades em áreas de sensibilidade ambiental foram os três temas abordados neste fórum. *(Com agências)