Início Política Exploração de petróleo – Ambição devoradora do Governo pode causar genocídio em Angola

Exploração de petróleo – Ambição devoradora do Governo pode causar genocídio em Angola

por Redação

O Governo angolano, ao anunciar que vai «explorar petróleo em áreas (até agora) protegidas», sublinhando que «não podemos perder a oportunidade de explorar os recursos», está a demonstrar uma ambição sem limites por chorudos lucros imediatos para satisfazer os seus próprios interesses em detrimento de todo um conjunto de factores primordiais, não se importando com um “ecocídio” e muito menos com as gravíssimas consequências que advirão para as próximas gerações.

Santos Pereira

Segundo análises de abalizados comentaristas, pela afirmação do ministro dos Recursos Naturais e Petróleos, Diamantino de Azevedo, a decisão para explorar petróleo, entre outros recursos, nas ditas «áreas protegidas» já foi tomada e «resultará numa grande catástrofe que vai aniquilar o pais e suas populações, a flora, a fauna, terrestre e marítima, a esterilização dos solos, enfim, será um ecocídio, uma devastação total», alertam.
Os analistas consideram que, quando o ministro refere que o Governo «’vai tentar’ encontrar um equilíbrio entre a exploração de petróleo e as questões ambientais», não disse que «o Governo está a fazer estudos, consultando especialistas internacionais, para conhecer os prós e contras da exploração nesses locais e, em caso de problemas resultantes da exploração, haver soluções imediatas que revertam os mesmos e proteja o ambiente, a vida, etc».
Apesar de Diamantino de Azevedo ter dito, quando falava quarta-feira (20) num encontro com jornalistas em Luanda, que «a exploração de petróleo em áreas protegidas, com salvaguarda dos problemas ambientais, é questão que está a ser trabalhada em conjunto com o Ministério do Ambiente», deixou muitas dúvidas no ar, afirmam os analistas.
«De boas intenções está o inferno cheio», alegam os críticos, avançando que, quando «o senhor ministro dos Recursos Naturais e Petróleos, defende que a exploração petrolífera, em áreas protegidas, é um ‘acto racional’, porque existe petróleo e recursos em áreas protegidas e parques naturais», argumentando que Angola deve procurar «mais petróleo para a produção não baixar», significa que «a decisão já foi tomada, custe o que custar, doa a quem doer».
Para os analistas, a explicação de que se está «a trabalhar com o Ministério do Ambiente para encontrar uma solução com equilíbrio, que tenha em conta questões ambientais» e que «foi necessário rever a legislação sobre as áreas protegidas, mas isso não significa o fim da biodiversidade», não passa de mais uma «dessas justificações habituais de que o regime é fértil, apenas para ‘adormecer’ e induzir a opinião pública para falsas considerações», realçam.
De acordo com o governante, a primeira área a sofrer o “atentado” será o Parque Nacional da Quissama, «onde poderão ser abertas algumas zonas numa área periférica ‘muito localizada’», pois, «o estudo de pré-viabilidade ambiental já foi feito e o importante é assegurar o cumprimento da legislação ambiental e usar os instrumentos de gestão ambiental», garantindo que «não cometeremos os erros que cometemos no Soyo (província do Zaire) e em Cabinda», destacou, acrescentando que «a actividade petrolífera pode até contribuir para melhorar esses parques».
Em constante contradição nas suas explicações, segundo os críticos, Diamantino de Azevedo reiterou que «há necessidade de explorar esses recursos, a solução é o equilíbrio, somos sensíveis às questões ambientais, mas também somos racionais».
O ministro falou ainda de “conciliação” entre a exploração de petróleo e a indústria pesqueira, «actividades em que é possível também garantir um equilíbrio». Porém, os críticos esperavam que explicasse melhor como acontecerá tal “conciliação”, considerando que toda actividade de exploração petrolífera no mar, além de poluir as águas, mata as espécies vivas e, afasta para longe, principalmente os peixes.
Pelo que ficou entendido no encontro do ministro dos Recursos Naturais e Petróleos com a comunicação social, com ou sem garantias de segurança ambiental, «a decisão está tomada», porque, «não podemos perder a oportunidade de explorar os recursos», frisando que «há quem, por interesses políticos, defenda posições extremas, mas é preciso na política ser racional».
«Ao insistir nesse seu plano, o Governo estará a incorrer num ecocídio, que é um termo definido como causador de danos graves e duradouros ao meio ambiente e às pessoas, nas alterações climáticas e, como tal, num crime contra a humanidade», alertam os analistas.
Recorde-se que, a bacia do Namibe, é outra área onde o Executivo já decidiu a exploração de petróleo, porque, como frisou repetidas vezes o ministro, não se pode «perder a oportunidade de explorar recursos».
A província do Namibe, cujas águas são ricas em peixe, é uma das maiores potências piscatórias de Angola.
É motivo para se questionar: «Quo vadis Angola?», porque a voracidade dos homens que têm governado (governam) o país é maior que o seu território. Diante da ambição colossal dessas pessoas Angola é minúscula. Porque tanta gula pelo petróleo? De certeza que não é para melhorar e desenvolver o país, mas sim para a satisfacção das suas próprias vaidades, voracidade de riqueza e poder. Pelo que se pode auferir, a dita «diversificação de economia» é apenas cantiga para «boi dormir»!

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