O deputado á Assembleia Nacional, Manuel David Mendes, defendeu recentemente que a oposição nunca apresentou um Orçamento Geral do Estado alternativo e teve a soberana oportunidade para mostrar uma alternativa no orçamento em curso.
Domingos Kinguari
Mendes justificou que sobre o Orçamento Geral do Estado (OGE), que foi aprovado no ano transacto, «a oposição sempre votou contra, é regra não votar a favor, porque tem sempre uma visão diferente. Mas abre-se uma questão muito importante: normalmente eles falam que deveria dar-se mais dinheiro para o sector social, mas nunca diz como. Isto é importante. Qual é o orçamento alternativo que a oposição apresenta? – Quer dizer que nós continuamos a ver a oposição a não mostrar alternativa. Diz sempre nós faríamos melhor, mas como? – Particularmente nas discussões de especialidade, é aí onde a oposição deveria demonstrar que nós trouxemos uma proposta para mudar, mas não foi aceite», considera.
Há precisamente dezanove anos que a posição sempre vota contra o OGE, mas o parlamentar reconhece que «a oposição marca presença nas reuniões das especialidades e contribuem de forma genérica, mas para mim deveria ser mais concreto», disse.
No seu ponto de vista, «não são apenas os deputados do MPLA que entram calados e saem mudos; o mesmo acontece com a oposição. Mas a oposição deveria aproveitar estes deslizes, mas não acontece e fazem a mesma coisa. Neste orçamento, a oposição deveria fazer valer os seus interesses e se não fossem satisfeitos deveria argumentar: como não fomos satisfeitos, vamos votar contra, porque o OGE em qualquer parlamento é a discussão mais activa. O OGE tem a ver com as despesas que se vão realizar com a vida dos nossos eleitores. Os deputados, em particular os da oposição, não dão este valor e como sabem que vão votar contra, ficam a espera do momento da votação», critica.
Mudando de assunto, o advogado avançou que «em Angola existe a tendência de se pensar que há igrejas mais importantes que as outras. Mas a Bíblia diz ‘ide e pregai o meu Evangelho’, e não fala que ‘prega o meu evangelho’. Está a dizer uma pluralidade de pessoas. O único e verdadeiro profeta somos nós», disse.
Para ele não existem igrejas perfeitas. «Se nós não somos perfeitos de certeza que não existem templos bons. Por isso essa teoria de que existem igrejas mais importantes que outras é uma teoria discriminatória e inconstitucional. A Constituição garante a liberdade de culto e de religião, mas não significa que há uma única igreja, além do mais Angola é um Estado laico,
e deve respeitar todas as confissões religiosas. Discriminarem, e aceitarem certas igrejas e outras não, é inconstitucional. Assim é que trazem os conflitos e as pessoas sentindo-se colocadas à margem da lei vão encontrar alternativas para que possam impor a sua identidade. Nós conhecemos que durante o partido único as Testemunhas de Jeová eram proibidas e não desapareceram da cena religiosa», alertou recordando.
Tecendo os seus argumentos de que em Angola existem igrejas que apregoam a violência, no caso concreto dos muçulmanos, David Mendes assegura que «não há nenhuma igreja que prega a violência. As igrejas pregam o encontro do homem com Deus. Os actos de violência não são as igrejas, mas sim as pessoas. As igrejas são constituídas por indivíduos e estes é que podem transportar comportamentos inaceitáveis», defende.
O também deputado da Assembleia Nacional questiona: «se a igreja Católica é a única que tem ética e as demais não, podemos falar dos tocoistas, dos kimbanguistas e estes também não têm ética?», interroga-se.