A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola confirmou a constituição em arguido de Ivo São Vicente, filho do empresário angolano Carlos São Vicente e a detenção em Lisboa, a pedido das autoridades angolanas, de Abel António Cosme.
Japer Kanambwa*
O porta-voz da PGR, Álvaro João confirmou à comunicação social que Ivo São Vicente também é arguido no mesmo processo em que seu pai é indiciado e admitiu que o visado pode ser ouvido no país onde estiver.
Irene Neto, filha do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto e esposa de São Vicente, afirmaou há dias em Portugal que o seu filho tinha sido notificado para se apresentar à justiça em Angola.
A viver em Portugal, a também membro da direcção do MPLA, partido no poder em Angola, assegurou que o filho não se iria apresentar à justiça em Angola, «a não ser que o vão buscar».
Irene Neto, admitiu que o facto de este ser gestor de empresas do pai e estar a dar entrevistas, em defesa do seu progenitor, possa estar na origem da notificação do filho, e disse que não tem condições financeiras, nem habitação, para vir a Angola.
O empresário Carlos São Vicente, que se encontra sob prisão preventiva em Luanda, é acusado de estar por detrás de «um esquema ilegal» que lesou a petrolífera Sonangol em mais de 900 milhões de dólares.
Quanto ao antigo presidente do Conselho de Administração da empresa de Transportes Públicos de Luanda (TCUL), Abel António Cosme, julgado e condenado à revelia no «Caso Conselho Nacional de Carregadores (CNC)», o porta-voz da PGR disse que está em curso o devido expediente para que seja extraditado para Angola, onde deverá cumprir a pena que lhe foi aplicada.
Abel Cosme foi julgado e condenado por envolvimento em desvios de fundos enquanto gestor da Unicargas, num processo em que o réu principal foi o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, que, em Agosto de 2019, foi condenado a 14 anos de prisão, por peculato, branqueamento de capitais, associação criminosa e artifícios fraudulentos para desviar fundos do Estado.
No mesmo processo, foram condenados o ex-director-geral do CNC, Manuel António Paulo, a 10 anos de prisão, e os antigos directores-adjuntos Isabel Bragança e Rui Manuel Moita, a 12 anos e 10 anos, respectivamente.
O funcionário Eurico Pereira da Silva foi condenado a dois anos de cadeia, com pena suspensa. Em função do recurso interposto, o plenário do Tribunal Supremo decidiu, em Dezembro de 2019, reduzir as penas dos réus. A de Augusto Tomás baixou de 14 para oito anos.
*(Com agências)