O Comandante Madaleno é lembrado pelos antigos moradores do Rangel como “um homem considerado por todos, uma pessoa de grande coração, de muita dignidade e sempre disposto a ajudar um amigo
Santos Pereira
Angola é um manancial de Homens que honraram a sua existência lutando sempre contra a injustiça, para libertar o seu País e proporcionar ao seu Povo o bem – estar, justiça e condições de vida condignas para todos. São Homens cujos feitos jamais serão esquecidos; Homens que foram em frente e não temeram a morte e deram a sua própria vida, honrando a sua condição de Ser Humano, em prol da sua Pátria.
Carlos de Oliveira Madaleno, o Comandante Madaleno, falecido na quarta-feira, 16 de Fevereiro do corrente ano, aos 80 anos de idade, por doença, é sem qualquer dúvida um desses homens que tudo de si deu em prol dos ideais do Povo Angolano, tendo sido um membro activo da luta armada pela independência de Angola.
O Comandante Madaleno ficou notabilizado no Rangel, actualmente Distrito Urbano do Rangel, Município de Luanda, na então Base da Dona Amália. Naquela circunscrição luandense, o Comandante Madaleno é lembrado com muito carinho, principalmente por cidadãos que o conheceram e/ou ouviram falar da sua dedicação como patriota, homem digno e acérrimo defensor da causa do Povo Angolano.
O Comandante Madaleno é lembrado pelos antigos moradores do Rangel como “um homem considerado por todos, uma pessoa de grande coração, de muita dignidade e sempre disposto a ajudar um amigo. Não gostava de ver ninguém a sofrer; quando estava na base da Dona Amália, mesmo no meio daquela confusão toda por causa do fervor da independência, ajudava as mamãs, as crianças, distribuia alimentos, conversava com os miúdos, com os jovens, dava conselhos… enfim, nem sei como descrever os seus feitos… além da sua coragem, bravura militar em combate e na condução das tropas. Muito há a contar sobre este homem que merece ser lembrado por todos angolanos, os seus feitos devem servir de exemplo para as novas gerações, principalmente a sua postura de pessoa íntegra”, sublinhou o ancião Alfredo Mbole.
Em 1974, em meio à turbulência e ao fervor evolucionário que se vivia em vésperas da Independência Nacional, o Saudoso Presidente Agostinho Neto, convidou um grupo de militantes do MPLA de Luanda – o primeiro – que se deslocaram a Lusaka, República da Zâmbia, para visitar o histórico Campo (Quartel) do MPLA “Vitória é Certa”, que foi a base de apoio aos guerrilheiros e combatentes da libertação nacional que lutavam na frente Leste.
Do grupo que fez a histórica viagem constavam, como se pode ver na fotografia aqui estampada, da esquerda para a direita (linha da frente): Percy Freudental, Carlos Madaleno, Hendrik Vaal Neto (“Koxis”), Troufa Real, Tito Gonçalves, António Rodrigues e Luís Guerra Marques.
À esquerda, ao fundo, David Bernardo Silas, conversando com Binda. À direita, de costas na fotografia, o mais velho Silas e Onambwé.
O Comandante Madaleno partiu para outra dimensão, mas não pode cair no esquecimento como já aconteceu com outros que muito deram por Angola. Os seus feitos, a sua personalidade e o seu legado, não podem ficar pelas condolências e depois serem enterrados na amnésia.
Mais que homenagens da praxe, a sua memória tem que prevalecer e a história tem que ser transmitida às futuras gerações. Comandante Madaleno sempre Presente!