Na sequência de uma matéria publicada por este Jornal intitulada « Ex-ministro das Finanças Armando Manuel acusado de desvio de fundos públicos», em que se pede justiça no âmbito do combate à corrupção em curso no país, recorda-se uma outra matéria posta a circular em 2019, noticiando que o referido ex-ministro estava a ser investigado pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Segundo a notícia, no âmbito de um processo de inquérito relacionado a crimes de peculato, corrupção, participação económica em negócios e outro, todos puníveis pelos artigos 313 do código penal, a PGR estava a investigar Armando Manuel.
O caso tinha a ver com um processo que decorria trâmites na Direcção Nacional de Prevenção e Combate a Corrupção da Procuradoria Geral da República (DNPCC), que requisitara então a administração do condomínio Belas Business Park, a titularidade de 6 apartamentos situados no edifício Bengo nos seguintes termos:
«Vimos por este meio, e nos termos do artigo 92 do código penal, requisitar o seguinte: indicar a titularidade dos imóveis Nºs 30, 305, 306, 801 e 802 do edifício Bengo e a indicação de imóveis eventualmente titulados pelos senhores Rui Fonseca, Armando Manuel, Marina Manuel, Ana Manuel, Joaquim Sebastião, João Quipipa e pelas empresas Shalter e Confort, Soanort e Herman Consultant».
Entretanto, a resposta da administração do Belas Business Park não se fez esperar. Em ofício enviado à Procuradoria Geral da República, informou os presumíveis proprietários dos apartamentos: «Sala nº 30 – não existe»; «Sala nº 305 – Hearman Consultants»; «Sala no 306 – Sociedade de Consultoria Estudos e Projectos»; «Sala no 801 – não existe, mas sim 801A e 801B»; «Sala no 802 – não dispomos de qualquer informação deve-se contactar a Promotora».
Relativamente aos presumíveis titulares de Imóveis, a administração do condomínio informa: «Rui Fonseca – não existe qualquer registo, mas sem certeza que seja a mesma pessoa; existe o Sr. Rui Herlândio Campos da Fonseca com a sala 304»; «Armando Manuel – não existe qualquer registo»; «Marina Manuel – não existe qualquer registo, mas sem certeza que seja a mesma pessoa, existe a Sra. Marina da Conceição Fontes Bravo da Rosa Manuel com a sala 801B»; «Ana Manuel – não existe qualquer registo»; «Joaquim Sebastião – não existe qualquer registo»; «João Kipipa – não existe qualquer registo, mas sem certeza que seja a mesma pessoa, existe o Sr. João Boa Francisco Quipipa com a sala nº 402»; «Shalter & Confort – não existe qualquer registo»; «Soanort – não existe qualquer registo»; «Hearman Consultants – Salas 308,309».
No que tange a documentação solicitada dos imóveis, a administração do BBP diz não ter «qualquer acesso, sendo que administra o edifício e não a documentação, pertença dos prováveis titulares dos imóveis, o que deverá ser solicitado directamente aos proprietário ou à entidade promotora», concluiu.
No mesmo sentido, segundo denúncias postas a circular nas redes sociais e não só, o ex-ministro das Finanças, Armando Manuel, com a colaboração do seu “testa de ferro” Kipipa, pagava as suas «empresas privadas com dinheiro do Estado, ou seja, do Ministério das Finanças. Investiguem o mandato de Armando Manuel e o Kipipa, nos pagamentos feitos para a empresa “D’Casa” a partir do Ministério das Finanças. “D’casa” é uma empresa portuguesa e faz parte do “Grupo Ideias Dinâmicas”».
Continuando a denúncia, lê-se: «Eu trabalhei para esta empresa durante 3 anos. Fizemos muito trabalho no Belas Business Park, edifício Bengo e na cidade financeira, Talatona. Vão para o edifício Bengo, salas 305, 306, 30, 801, 802, tudo isto é do Armando Manuel. No terceiro andar, deste mesmo edifício, a maior parte das salas pertencem ao Armando Manuel. No sexto andar também tem algumas salas».
«A sala 801 ele ofereceu ao ex-Embaixador de Angola em França, Miguel Costa. Este senhor neste momento é visto muito com o Rui Fonseca que está a cuidar alguns dos interesses do Armando Manuel. Na cidade financeira fizemos o mesmo trabalho em duas daS suas empresas, “Shalter & Comfort”, e “Soanorte”. Os trabalhos feitos a estas empresas eram pagas a partir do Ministério das Finanças. Também o prédio onde está a sede do “Fada” no condomínio Dulce Vita, pertence ao Armando Manuel via alguns dos seus “testas de ferro”».
«Recorde-se que Armando Manuel, enquanto ministro das Finanças, escolheu aquele edifício para que fosse a sede do “Fada”, e o dinheiro que ele como ministro pagava pela renda do “Fada”, ia para a sua empresa privada (um negócio com ele próprio). Um dos “testas de ferro” dele é o Rui Fonseca, também um quadro do Minfin, que tem o seu escritório privado no edifício Bengo sala 304».
«Neste mesmo condomínio Armando Manuel tém 4 edifícios e o “testa de ferro” dele tem um. Tanto no condomínio Belas Business Park como no Dulce Vita e na cidade financeira, ele conseguiu isso através de um esquema de corrupção com a Odebrecht, na altura em que era o secretário para os Assuntos Económicos do antigo Presidente JES».
«Na altura era ele quem assinava as autorizações e, em troca, ele recebia estes imóveis. Vão para a administração do condomínio Belas business Park, no edifício Malanje, e peçam que vos entreguem a lista de imóveis da empresa “Hearman Consultants” e darão conta do número de imóveis que esta tem. Esta mesma empresa pertence ao Armando Manuel».
«A maior parte do imóveis neste mesmo condomínio pertence ao Armando Manuel, e tudo isto conseguido via corrupção. Pois não só apenas o Augusto Tomás e Joaquim Sebastiao, é de recordar que Armando Manuel é um dos grandes sócios destes dois camaradas».
«A maior parte dos negócios de Joaquim Sebastião é com o Armando Manuel. Sendo ele na altura do desfalque, o ministro das Finanças, ele facilitava estes camaradas mas nunca dava a cara, embora por detrás, ele era o “arquiteto”. Muitas das suas propriedades estão em nome da sua mulher, Marina Manuel, e a sua irmã, Ana Manuel, que também trabalham no Minfin. Se prenderam Augusto Tomás e Joaquim Sebastião, também devem prender o Armando Manuel. Este é proprietário de imóveis em todos condomínios no Talatona. E no centro da cidade possui alguns prédios adquiridos por um esquema de corrupção com os chineses e a Odebrecht. Na rua da clínica Multiperfil, do outro lado da rua, tem um edifício novo de cor verde, também é do Armando Manuel e foi construído com dinheiro do Estado, através de um esquema de corrupção com os chineses, durante o mandato dele como ministro das Finanças».
A denúncia termina com o seguinte alerta: «Apertem este senhor. Cuidado, neste momento ele deve estar a passar tudo em nome dos seus “testes de ferro”, mas é fácil vocês apanharem os indivíduos».
Para bom entendedor, meia palavra basta! *(Contribuido)