Boavida Neto, ex-secretário-geral do MPLA, acusado de «defender os ‘marimbondos’» e de lançar ‘farpas’ contra o Presidente João Lourenço, fazendo referência de que a situação pode «semear e alimentar o ódio que fará correr sangue e muito mais mortes».
Japer Kanambwa
O MPLA é o partido que governa Angola desde a independência, ou seja, há 45 anos. Por esse facto, a opinião pública, interna e externa, considera que tudo quanto tem acontecido no país, no sentido positivo ou negativo, tem a ver com este partido.
Assim sendo, para a crítica, a situação em que se encontra Angola, de extrema crise e penúria alimentar para a maioria dos cidadãos, é culpa do MPLA, cujos dirigentes continuam a usurpar a seu belo prazer os recursos do Estado.
Criou-se a convicção, em grande parte dos dirigentes do partido no poder, adicionado a um imenso sentimento de vaidade, que «Angola é propriedade privada do MPLA» e que eles, enquanto dirigentes e/ou governantes, «têm direitos absolutos sobre o Estado», pelo que usam e abusam, impunemente, os fundos públicos do Estado em proveito próprio, não se importando com o que aconteça ao país e aos cidadãos.
Por esses motivos o país foi desgraçado e atirado para o abismo da miséria. Gente há que defende o MPLA, afirmando que o partido não é culpado da situação. Os culpados são os membros desonestos que assim procederam e/ou procedem.
Ora, só existe partido porque tem gente. Se não tiver membros, dirigentes, militantes, não pode haver partido. Quando os dirigentes de uma força política são desonestos, gatunos, anti-patriotas e deixa-se perpetuar impunemente esse estado de coisas, então esse partido é uma ‘quadrilha’ de bandidos.
Pelas revelações que são feitas actualmente, por tudo quanto foi causado ao país, pode-se dizer que se contam pelos dedos da mão o número de dirigentes honestos do MPLA que não terão posto a mão na ‘massa’.
A este propósito, o ex-secretário-geral do MPLA, Álvaro Boavida Neto, considerado como um dos «rostos visiveis dos ‘marimbondos’», está a ser acusado por fonte interna do MPLA de ter ‘espicaçado’ o Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço em plena Assembleia Nacional, endossando que deve haver «aministia para os ‘marimbondos’».
Ao intervir durante o debate parlamentar sobre a impunidade e boa governação em Angola, o agora deputado Boavida Neto deixou claro que é um, entre muitos, no seio do MPLA, com responsabilidades políticas no Executivo e no partido, que está (estão) contra o combate à corrupção levado a cabo pelo Presidente da República João Lourenço.
Para a fonte, se havia dúvidas, as mesmas foram dissipadas com a «triste declaração de Alvaro Boavida Neto».
«Desta vez, o ex-secretário nacional da JMPLA, antigo governador do Namibe e do Bie e ex-secretário-geral do MPLA, não escolheu outro lugar, senão mesmo o palco da Assembleia Nacional, para lançar as ‘farpas’ contra o camarada Presidente do Partido. Uma coisa é falar na rua, outra é na Assembleia da Nacional, pelo simbolismo que a Casa das Leis representa», admoestou a fonte.
«Quando, o ex-secretário-geral do MPLA, Álvaro de Boavida Neto, fala à imprensa sobre mortes, saques e destruição do património público e afirma que nesta altura não interessa quem o fez e quais foram as motivações, numa linguagem terra-a-terra, lançando ‘farpas’ ao Presidente do partido e da República pelo combate a corrupção e ‘aconslha’ ao arquivamento dos processos em curso na PGR, está a mostrar a sua verdadeira face», acusa, frisando: «Ainda bem que não tem poder para tanto».
Desde sempre, Boavida Neto posicionou-se contra o combate à corrupção e, assegura a fonte, «tornou-se no porta-voz dos ‘marimbondos’ e foi muito longe ao dizer ‘não usemos a fragilidade e entusiasmo juvenil para semear e alimentar o ódio que fará germinar sangue e muito mais mortes’».
«Não, não, camarada deputado Boavida Neto. O combate à corrupção está no programa eleitoral do MPLA de 2017. Não há aproveitamento da fragilidade e entusiasmo juvenil e não haverá sangue nem mais mortes», adverte a fonte, alegando que «as mortes ocorreram quando meia dúzia de iluminados decidiram capturar o Estado. Felizmente o Presidente da República João Lourenço foi a tempo de travar e inverter a situação».
Continuando, a fonte do MPLA garante que o «discurso dramático de Boavida Neto não atingirá o objectivo que os marimbondos tanto almejam, que é a aprovação de uma lei de amnistia, o que só denota desespero. Para quem se apropriou do dinheiro de todos nós, vai chegar o seu dia», avisa, acrescentando que «não haverá amnistia, nem tréguas, para os saqueadores dos dinheiros dos angolanos. Houve sim, falta de patriotismo».
O desepero de Boavida Neto e do grupo de embusteiros que desgraçaram o país é tanto, explica a fonte, «que enquanto secretário-geral do MPLA, teve a insensatez de reuniur o secretariado do Bureau Politico para trabalhar num projecto de amnistia, sem o conhecimento do Presidente do partido, uma atitude reprovável e que cheira a traição».
«Camarada Presidente da República João Lourenço, o caminho é para frente, confome disse no congresso extraordinário de 2018, nem que os primeiros a cair sejam os dirigentes do partido», concluiu.