O MPLA começa neste mês com o processo orgânico de eleições dos primeiros secretários dos distritos urbanos de Luanda, mas o processo já começa mal no município do Cazenga em que Nelson Funete está a impedir a candidatura de Nelson Guilherme para o cargo de primeiro secretário do distrito urbano do 11 de Novembro
Domingos Kinguari
Nelson Guilherme é actualmente o secretário para a Informação e Propaganda daquela circunscrição. O mesmo cenário acontece no distrito do Rangel em que o segundo secretário Cazão é impedido de concorrer para o cargo de primeiro.
A informação foi prestada ao Jornal 24 Horas online por uma fonte ligada ao comité municipal do MPLA no Cazenga, que preferiu anonimato alegando que existe uma orientação do partido que governa Angola desde 1975, que haverá separação entre os cargos partidários e governamentais, ou seja, os administradores distritais deixarão de ser os primeiros secretários.
Isto está a criar alguma celeuma naqueles primeiros secretários que fazem do partido o seu meio de obtenção de interesses pessoais, enquanto outros estão a colocar os seus “delfins” para poderem continuar no “controlo” impedindo que outros militantes capazes ascendam ao cargo.
Este Jornal apurou no comité provincial de Luanda, na rua da Liberdade, que o primeiro secretário Bento Francisco Sebastião Bento, vulgo Bento Bento, já orientou ao comité municipal do Cazenga, que Nelson Guilherme deve ser o primeiro secretário do distrito urbano do 11 de Novembro, por ser um militante potencial e que pode satisfazer os interesses do partido que governa Angola naquela circunscrição. Mas por interesses obscuros, o actual primeiro secretário Celso Mateus de Carvalho, não respeita e está a fazer tudo para queimar a boa folha de serviço do jovem militante para que Bento Bento o desacredite.
A fonte refere que o segundo secretário provincial de Luanda, Nelson Funete, é o coordenador do grupo de acompanhamento para o município do Cazenga. Nelson Guilherme foi um dos candidatos para concorrer ao cargo de primeiro secretário provincial da JMPLA em Luanda, mas foi impedido por Nelson Funete por não pactuar com as suas falcatruas, estando por isso a ser impedido novamente para ascender ao cargo de primeiro secretário do distrito urbano do 11 de Novembro, apesar de contar com o apoio de toda a massa militante daquela zona.
Segundo o que se propala, Nelson Funete aposta no seu amigo e ‘’ testa de ferro’’, Yangelelo Samuel, e Victorino Calunga, para distrair e passar a imagem de que o processo é aberto. Este ocupa actualmente o cargo de secretário para o departamento de auditoria e disciplina, o mesmo nunca emitiu um relatório sobre os valores cabimentados pelo partido e faz parte da jogada.
Nelson Funete é acusado de querer colocar o seu “testa de ferro”, Yangelelo Samuel, como primeiro secretário do distrito urbano do 11 de Novembro, com a intenção de controlar os negócios que tem na cidade da China, no Kikolo e, se o cargo for parar às mãos de uma pessoa estranha a eles, serão descobertas as falcatruas que realizam.
Funete determina quem deve assumir cargos no Cazenga
Recorda-se que o mesmo cenário do passado, em que imperava o amiguismo, a bajulação e o nepotismo, continua a fazer morada no MPLA de Luanda e nada alterou. Nelson Guilherme pretendia concorrer em 2017 para o mais alto cadeira da “Jota” em Luanda e foi impedido por Nelson Funete. Agora, diz a fonte, a ordem de Nelson Guilherme não se candidatar veio na voz de Celso Mateus de Carvalho, actual primeiro secretário do distrito do 11 de Novembro. “O camarada Nelson Funete é quem determina que quadro deve ocupar os lugares de destaque no partido ao Cazenga. Cazenga é do camarada Nelson Funete’’, ironizou a fonte.
A mesma avança dizendo que Celso Mateus de Carvalho e Yangelelo Samuel têm negócios no distrito urbano do 11 de Novembro. Nelson Funete, como coordenador do grupo de acompanhamento do Comité Provincial de Luanda para o município do Cazenga, sabe desta situação e até à presente data nada fez para reverter o quadro.
Os estatutos do MPLA determinam que ninguém, ou seja, um militante não pode ser impedido de concorrer aos cargos do partido, salvo por situações de conflito com a lei e o Estado. Na última reunião da comissão executiva do distrito urbano do 11 de Novembro, o actual primeiro secretário, Celso Mateus de Carvalho, em tom alto e com muita confiança, diante dos militantes voltou a dizer que a orientação que recebeu é que todos devem apoiar o seu candidato, Yangelelo Samuel, e quem não o fizer vai perder alguns privilégios.
Acusados estão contente com uma única candidatura
O jornal 24 Horas contactou via telefone no passado dia 4 de Agosto, o actual primeiro secretário do distrito urbano 11 de Novembro, Celso Mateus de Carvalho, mas o mesmo negou todas as acusações dizendo que “já temos o nosso único candidato e que já foi aprovado pela alta estrutura do município. E estamos felizes com o candidato Yangelelo Samuel”, disse.
Por sua vez, Nelson Funete não atende as nossas chamadas telefônicas efectuadas nos dias 11 e 12 deste mês.
Responsáveis do MPLA desrespeitam os estatutos
O estatuto do MPLA no seu artigo 11º, regras de democracia interna, esclarece os princípios da democracia no seio do partido determinam a prática da liberdade de debates, de expressão, de ideias e de apresentação de propostas nos órgãos, nos organismos e nas organizações do partido e em actividades dinamizadas por este e constituem a base sobre a qual se estrutura e funciona o MPLA.
A democracia interna do MPLA assenta nos seguintes princípios: respeito pelas liberdades, pelos direitos e pelas garantias fundamentais, consagrados na Constituição e devidas a cada cidadão; liberdade de candidatura a qualquer órgão individual ou colegial representativo, a todos os níveis da estrutura do partido; e a eleição dos titulares dos órgãos e dos organismos do partido.
Por sua vez, o artigo 25º, sobre direitos do militante, eleger para cargos de direcção partidária e como delegado à assembleia, conferência e congresso do partido, sem que, por esse facto, adquira privilégios especiais. Ser eleito para cargos de direcção partidária e como delegado à assembleia, conferência e congresso do partido, sem que, por esse facto, adquira privilégios especiais.