Início Política Angolano ou português: Adalberto da Costa Júnior “orgulho de Portugal”?

Angolano ou português: Adalberto da Costa Júnior “orgulho de Portugal”?

por Redação

Eis a questão! Um panfleto, alegadamente de autoria portuguesa, aqui estampado, refere-se ao líder da Unita como «Orgulho de Portugal» e descreve: «Disseram os angolanos que depois de 1975, nenhum português pudesse assumir cargos públicos em Angola. Nada mais falso que isso. Aqui está Adalberto da Costa Júnior, cidadão português, filho de pai português e mãe cabo-verdiana, que chegou à presidência do segundo maior partido político angolano (UNITA). Portugal orgulha-se do seu filho. Somos Portugal!».

Japer Kanambwa

Quando Adalberto da Costa Júnior se candidatou para presidente do partido Unita, logo surgiu a questão de ter nacionalidade portuguesa. A sua candidatura foi assim condicionada e teve de fazer prova da renúncia à nacionalidade portuguesa, o que foi comprovado e, posteriormente, eleito como o terceiro presidente da Unita, depois do fundador Jonas Savimbi, e do líder da transição, Isaías Samakuva.
Contudo, a condição da nacionalidade portuguesa parece nunca ter sido problema enquanto deputado à Assembleia Nacional e chefe da Bancada Parlamentar da Unita.
Muitos são os angolanos que, pelas vicissitudes por que passou Angola durante os longos anos de guerra, recorreram (ainda recorrem) a outros países como refugiados, para se protegerem, estudar ou trabalhar e, em alguns casos, para atingir os seus objectivos pessoais, adopta(ra)m a nacionalidade do país em se encontra(va)m. Assim, por razões óbvias, muitos tinham/têm dupla nacionalidade.
Actualmente, mesmo como presidente do principal partido da oposição angolana, diversas campanhas continuam a ser efectuadas contra Adalberto, levantando sérias dúvidas quanto à sua nacionalidade, tanto em Angola como em Portugal, com recurso também às redes sociais, sendo um dos exemplos o panfleto citado.
Entretanto, consta que o actual líder da Unita, nasceu a 08 de Maio de 1962, em Quinjenje, localidade então na província de Benguela e, actualmente, pertencente ao Huambo, com 45 anos de militância no partido do «Galo Negro».
Adalberto da Costa Júnior, conheceu Jonas Savimbi em 1975, no Seminário de Quipeio, na Cáala, tendo regressado à Benguela com o início da guerra civil. Francisco Costa, o seu irmão mais velho, era na altura comandante da Polícia Militar da UNITA, o que somado às opções dos pais, também militantes, pesou na sua decisão de aderir ao partido de Savimbi.
Em 1977, altura em que se deram os acontecimentos conhecidos como “Fraccionismo”, com início em 27 de Maio, foi juntamente com outros alunos do liceu levado para um campo no Lobito, onde presenciou o fuzilamento de centenas de pessoas.
A militância da família teve desfechos infelizes, com o pai a ser preso e o cunhado a ser fuzilado após ser detido múltiplas vezes.
Adalberto da Costa Júnior sai de Benguela para Luanda em 1978, para escapar a uma mobilização forçada, e é a partir daí que «depois de muitos esforços», consegue um salvo conduto e parte para Portugal, onde dividiu o tempo entre a formação académica, concluindo o curso de engenharia eletrotécnica no Porto, e a militância partidária.
Enquanto estudante em Portugal e já responsável pelos comités do partido, chefiou a delegação da UNITA que recebeu Jonas Savimbi, no Porto, nos finais dos anos de 1980, e em 1991 foi chamado à Jamba e nomeado representante da UNITA em Portugal.

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