Início Política Altos funcionários da Sonangol envolvidos em subornos citados por Tribunal Suíço que condenou gestores

Altos funcionários da Sonangol envolvidos em subornos citados por Tribunal Suíço que condenou gestores

por Redação

Todos os dias, em várias partes do mundo são revelados casos e processos que envolvem negativamente a Sonangol. Infelizmente para Angola, a empresa que deveria ter sido a maior canalizadora de riquezas para o país em benefício do povo angolano, apenas foi o canal que serviu para alimentar gigantescos esquemas de roubo que delapidaram o erário público e enterraram o país na mais dilacerante miséria.

Francisco Manuel*

Apesar de alegados empenhos no âmbito do combate à corrupção e à recuperação de activos do Estado desviados ilicitamente para proveito de indivíduos e de grupos, até ao momento, são desconhecidas as posições da Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto a eventuais prosseguimentos de investigações à volta dos contratos «milionários» entre a empresa SBM Offshore e a PAENAL – Estaleiro Naval de Porto Amboim, que desencadeou em subornos a favor de responsáveis da Sonangol que facilitaram o «esquema», em território nacional.
Segundo notícias, em Agosto do corrente ano, um Tribunal Suíço condenou o antigo presidente da referida empresa holandesa SBM Offshore, Didier Keller e seus colegas, por terem pago no período de 2005 à 2008, subornos de cerca de 6,8 milhões dólares a altos funcionários da petrolífera angolana Sonangol, ligados a Manuel Domingos Vicente.
Após se declararem culpados, os responsáveis da SBM Offshore foram obrigados a pagar uma multa de 238 milhões de dólares por violação à Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA). Os mesmos tiveram as suas penas suspensas.
Ao que consta, os subornos foram efectuados para a conta de uma empresa panamenha, Mardrill Inc, controlada por dois antigos responsáveis da Sonangol e um sobrinho de Manuel Vicente.
Assim, Baptista Muhongo Sumbe, antigo Presidente da Sonangol Holdings, foi o «braço direito» de Manuel Vicente nos negócios, que envolvem o Grupo Vernon. Esta figura era a preferida de Vicente para o substituir na Sonangol E.P., mas acabou sendo contrariado por José Eduardo dos Santos, que optou por Francisco Lemos Maria. Porém, Sumbe é apontado no processo como «Presidente da Mardrill Inc».
O ex-administrador da Sonagás e também antigo director de gabinete de Manuel Vicente, José Pedro Benge, sócio de Domingos Manuel Inglês, na INOVIA, é descrito no processo em causa como vice-presidente e tesoureiro da Mardrill Inc., e, sublinhe-se que é a figura que aparece nas reportagens da TV portuguesa (SIC) a fazer um pagamento de 1,4 milhão de dólares a favor de Edeltrudes Costa.
Enquanto isso. Fernando Osvaldo dos Santos, antigo bolseiro da Sonangol e administrador do Grupo Vernon, o «braço empresarial» de Manuel Vicente e Baptista Sumbe, geralmente considerado por diversas fontes como sobrinho de Manuel Vicente, em 2016 foi mencionado nas «Bahamas Leaks», como o «testa de ferro» de seis offshores que são donas de navios petroleiros, tais como a Gazela Shipping Limited Company, Gunga Shipping Limited Company e Oryx Shipping Limited Company.
Este indivíduo, é apresentado nos documentos do Tribunal da Suiça como director da Mardrill Inc, a empresa que recebeu os subornos da SBM Offshore NV, que é uma multinacional especializada na fabricação e design de equipamentos de perfuração de petróleo offshore, e controla uma subsidiária nos Estados Unidos, a SBM Offshore USA Inc. (SBM EUA).
Em Angola, a SBM Offshore é a única parceira da Sonangol Holding no consórcio PAENAL – Estaleiro Naval de Porto Amboim, que tem, ou teve, Baptista Sumbe como administrador. A petrolífera estatal detém 10% e quanto que a SBM Offshore fica com os restantes 90%.
No âmbitos das parcerias existentes, a Sonangol chegou a pagar 300 milhões de dólares a PAENAL, para fazer obras de acabamento numa plataforma (FPSO-Floating Production Storage and Offloading) depois desta chegar já pronta de uma fábrica no exterior do país. Ou seja, a petrolífera fez pagamento para uma obra inexistente.
Em tribunal, a SBM Offshore admitiu ter pago subornos, com o fim de influenciar esses funcionários e outros de outras nacionalidades, para obter vantagens indevidas e manter negócios com empresas petrolíferas estatais em cinco países como Brasil, Angola, Guiné Equatorial, Cazaquistão e Iraque. A SBM reconheceu ainda que ganhou pelo menos 2,8 bilhões de dólares com projectos obtidos de empresas petrolíferas estatais destes países mencionados. *(Com Agências)

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