Na mesma linha do que foi sugerido na composição dos assessores da Presidência da República, analistas da sociedade civil apontam nomes que podem ocupar alguns cargos ministeriais. Não sendo possível neste exercício cobrir todo executivo, pela sua extensão, avançam-se alguns nomes e os cargos que podem exercer
Japer Kanambwa
Em caso de vitória nas eleições gerais de 24 de Agosto, João Lourenço terá, antes de mais, face às responsabilidades acrescidas de um segundo mandato, de fazer uma “limpeza” profunda no Executivo que vai liderar, começando por anular o grande erro que foi a criação de “super – ministérios”, juntando vários departamentos ministeriais em um só, casos do MINTTICS (Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social) e do MCTA (Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente). Esta miscelânia, em vez de efeitos positivos, só resultou em querelas e conflito de competências, além de abafar sectores importantes que devem singrar sem subordinações empíricas e teorias banais. Igualmente, segundo a opinião pública, o Presidente da República tem que ponderar melhor em quem nomeia para os diversos cargos governamentais, para evitar situações desagradáveis, porque muitos desses governantes, que são nomeados por conveniência, acabam por nada fazer, preocupam-se mais consigo mesmos, falam e prometem muito, executam pouco e nada se materializa.
General Higino de Sousa “Zé Grande”
O Ministério da Defesa Nacional e dos Veteranos da Pátria é um dos departamentos governamentais de maior relevância pela sua importância no domínio da defesa e segurança do país. O general José Luís Caetano Higino de Sousa “Zé Grande” é a maior referência para substituir João Ernesto dos Santos “Liberdade” no cargo de ministro.
Durante o primeiro mandato do Presidente João Lourenço, o ministro João Ernesto dos Santos “Liberdade”, é descrito como não tendo sido capaz de liderar um sector tão melindroso e de bastante complexidade. Por pouco tempo no cargo, pois substituiu o general Kianda, que o antecedeu, não teve capacidade para conduzir com firmeza o pelouro e apenas somou problemas e contestação, principalmente da parte de ex-militares e antigos combatentes. Depois das eleições, num provável segundo mandato de João Lourenço, o general Zé Grande, com uma vasta experiência de comando militar e de serviços de inteligência, é a figura de reconhecida capacidade para liderar o Ministério da Defesa e dos Veteranos da Pátria.
Desde 2018 ocupa o cargo de director-geral do Serviço de Inteligência Externa (SIE) e, desde 2021, o de presidente do Comité Regional de Coordenação (CRC) da Comissão dos Grandes Lagos. Entre 2019 e 2021, desempenhou também o cargo de presidente do Comité de Inteligência dos Serviços de Segurança de África (CISSA) para a região da África Austral.
Genaral Eugénio Laborinho
Eugénio César Laborinho é ministro do Interior de Angola desde o ano de 2019. Quando assumiu o cargo imprimiu uma nova dinâmica ao sector, que se encontrava num marasmo derivado dos vários anos em que esteve “mergulhado” num sistema em que imperava o “deixa andar”, fruto da corrupção que afectava as instituições do Estado.
Depois de alguns altos e baixos no decorrer do percurso, com algumas contestações pelo meio, foi dinamizando diversos processos, como a prestação de auxílio às autoridades judiciais pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) e a consolidação da Polícia Nacional como uma força única e indivisível, com fundamento no artigo 210 da Constituição da República de Angola.
Eugénio Laborinho tornou-se em um dos principais e indefectíveis colaboradores do Presidente da República, João Lourenço, no que toca às políticas de segurança das instituições e das populações em geral. Efectuou visitas a alguns comandos municipais da Polícia em Luanda e em outras províncias, para radiografar o trabalho das direcções locais do Minint e da PN, bem como a vida e o dia-a-dia dos munícipes e a segurança pública.
Claramente preocupado com a segurança e bem – estar dos cidadãos, Laborinho reforçou o SIC com novos meios operacionais, para combater a criminalidade no país, tais como viaturas e equipamentos técnicos.
Pela sua postura e desempenho no cargo, os analistas votam pela sua continuidade como ministro do Interior.
Franco Mufinda
Franco Cazembe Mufinda. Secretário de Estado para a Saúde Pública, de uns tempos a esta parte que é apontado pela opinião pública como o substituto ideal para Sílvia Lutucuta que, ao longo do mandato de João Lourenço foi a governante mais criticada e a que mais somou referências negativas, por diversos motivos, sendo um deles o desleixo a que chegou o sector da Saúde em Angola.
Esperava-se que Sílvia Lutucuta, no âmbito da nova visão governamental do Presidente João Lourenço, trouxesse à Saúde, de si tão conspurcada por anteriores problemas, uma lufada de ar fresco e incutisse dinâmicas no sentido de organizar e criar melhorias a todos os níveis, tanto em termos de condições de trabalho para os profissionais, como no que diz respeito ao atandimento, tratamento e hospitalização dos doentes, entre outros.
Os problemas da Saúde têm sido referidos consecutivamente e são tantos, alguns dramáticos mesmo, a pontos de se afirmar que o sector da Saúde está num autêntico caos que vai piorando com o passar do tempo, ao ponto de os profissionais da Saúde, ante as diversas carências existentes, terem alertado que o sector da Saúde em Angola está(va) às portas de um colapso. Destaca-se ainda as diversas greves dos técnicos, tanto a nível de enfermeiros como de médicos.
A sua manutenção no cargo, ou a sua mudança para outro cargo é considerada pelos analistas como contraproducente, atendendo as provas de má gestão que deu na liderança do Ministério da Saúde.
O Dr. Franco Mufinda, segundo as previsões, é a pessoa certa para assumir o lugar. É secretário de Estado para a Saúde Pública do Ministério da Saúde desde 9 de Outubro de 2019. Entre muitos outros cargos já exercidos, foi director provincial do Gabinete de Saúde, província do Namibe, entre 2016 e 2019; chefe de departamento provincial de Saúde Pública, província do Namibe, entre 2007 e 2016; professor auxiliar de Ecotoxicologia na Escola Superior Politécnica do Namibe da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, em 2012; professor da cadeira de Epidemiologia do Curso de Pós-Graduação de Enfermagem em Saúde Comunitária no Centro de Formação Multiperfil, Clínica Mutliperfil, Luanda, em 2016; revisor de artigos científicos pelas Science Domaine e International Journal of Occupational and Environmental Health, etc.
Celso Rosas
Celso Rodrigues de Lemos Rosas, actualmente presidente do Conselho de Administração (PCA) do Porto do Lobito, é o que se chama um “antigo combatente”, um “veterano” do sector dos Transportes em Angola. Desde aeroportos, foi PCA da ENANA, transportes rodoviários, PCA da UNICARGAS e gestão portuária, Celso Rosas, além de um perfil sério e imaculado, possui carácter, conhecimento e competência para assumir o cargo de ministro dos Transportes.
O ainda ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, segundo as opiniões que se vem citando, “há muito que deveria ter sido exonerado”, considerando que o seu nome tem estado constantemente ligado a “esquemas” que, alegadamente, visavam enganar o Chefe de Estado e apoderar-se ilicitamente de dinheiros do Estado.
São muitas acusações que pesam sobre este governante, desde o caso dos “relógios milionários”, passando por diversas questões no domínio dos transportes públicos em geral e a mais recente polémica relacionada com suposta tentativa de sobrefacturação na compra de dois edifícios para o Ministério dos Transportes, em Luanda.
Para os críticos, “o Ministério dos Transportes de Angola tem sido, ao longo dos tempos, como um ‘corpo inerte’ onde cada ‘abutre’ debica o seu pedaço. O homem já provou que não pode integrar um próximo Executivo”. O MINTRANS precisa de uma remodelação muito grande e séria e, um gestor como Celso Rosas, pode colocar a “carruagem” nos eixos.
Téte António
O ministro das Relações Exteriores, Téte António, é um diplomata com créditos firmados. Desde que assumiu o cargo, tem tido um desempenho considerado moderado e dignificado a diplomacia angolana.
Téte António tem apostado, em sintonia com o Executivo angolano, na melhoria do ambiente de negócios, como forma de tornar o mercado angolano mais atractivo ao investimento privado.
O chefe da diplomacia angolana tem vincado a mensagem do Executivo em relação ao investimento directo estrangeiro, para que seja um vector capaz de capitalizar as oportunidades que o mercado angolano oferece, gerando assim mais oportunidades de emprego, rendimentos e melhoria da qualidade de vida da população angolana.
Téte António, de 2017 a 2020 foi secretário de Estado para as Relações Exteriores, depois de já ter sido representante da União Africana Junto das Nações Unidas em Nova Iorque; conselheiro diplomático do Presidente da Comissão da União Africana; ministro conselheiro na Missão Permanente da República de Angola junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, entre outros cargos e missões que efectuou. Merece o benefício da dúvida e, sendo um quadro que ainda pode dar muito ao país, a sua continuidade é benquista pela opinião pública.
Paula Coelho
O Ministério do Ambiente tem que voltar a fazer parte do Executivo, não como uma Secretaria de Estado anexada a outras e aglutinadas num dito “super-ministério”. Pela sua importância nos dias actuais, os problemas do Ambiente e da Conservação da Natureza, merecem atenção específica, detalhada, profissional e competente.
A opinião pública considera que enquanto existia o Ministério do Ambiente, os diversos problemas relativos a este sector estavam a ser acompanhados, estudados e buscavam-se soluções para os mesmos. A partir do momento em que o Ambiente foi, diga-se, “submetido” a segundo plano, perdeu-se o que foi feito, em vez de melhorar, a degradação ambiental só foi aumentando e, praticamente, deixou de haver a mesma motivação e os apoios necessários para combater determinados males da natureza.
A actual secretária de Estado do Ambiente, Paula Cristina Francisco Coelho, que já foi a ministra do Ambiente antes da fusão de departamentos ministeriais, estava nessa altura a fazer um trabalho digno de realce, contudo não pode prosseguir, porque passou a subordinar-se a outros paradigmas e tudo foi por “água abaixo” como soe dizer-se.
O regresso do Ministério do Ambiente impõe-se com Paula Coelho no comando. É licenciada em gestão de áreas de conservação pela Universidade de Tecnologia de Tshwane, na África do Sul.
Foi nomeada ministra do Ambiente da República de Angola em Setembro de 2017, sob o governo de João Lourenço. Antes do seu mandato como ministra do Ambiente, ela secretária de Estado para Biodiversidade e Áreas de Conservação.
Iniciou o seu trabalho no Ministério do Ambiente como técnica, tornando-se posteriormente directora nacional de Biodiversidade. Durante a sua extensiva experiência trabalhando com os desafios ambientais em Angola, ela coordenou diversos projectos relacionados à biodiversidade, às mudanças climáticas, à gestão de resíduos e à conservação de solos e água. As prioridades no seu mandato foram a educação ambiental, a gestão de resíduos e o fortalecimento de políticas relacionadas à vida selvagem.
Outros elementos do Executivo
A maioria dos governantes que vão integrar o futuro Executivo, em caso de vitória nas eleições gerais de 24 de Agosto, com o devido respeito a uns poucos que fazem o seu trabalho com isenção, empenho e sentido de Estado, devem ser devidamente escrutinados pelo Chefe do Poder Executivo, que necessita de discernir sobre o que convem e não convem, para não voltar a nomear governantes por meio do que afirma combater, prejudicando quadros honestos e dedicados em benefício de bajuladores, de falsos cérebros e de demais gente indgna.
O Presidente deve evitar os que falam muito, mas nunca apresentam resultados palpáveis por mínimos que sejam, não apresentam contas e se o fazem é para encobrir situações dúbias e ludibriar a opinião pública.
Geralmente, a prática de actos que contradizem as promessas do Presidente João Lourenço de combate à corrupção, peculato, nepotismo, impunidade, entre outros, tem continuado, embora de forma um tanto disfarçada. Apesar de serem denunciadas, tais práticas lesivas ao Estado não merecido o devido tratamento por quem de direito.