A embaixadora da União Europeia (UE), Isabel Brilhante Pedrosa, foi declarada “persona non grata” pelo governo venezuelano e deverá abandonar o país. A UE diz que a expulsão aumentará o isolamento da Venezuela.
O Governo venezuelano notificou quarta-feira (24) a embaixadora da União Europeia, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, que foi declarada “persona non grata” e deverá abandonar o país nas próximas 72 horas, anunciou o executivo.
A notificação foi feita pelo ministro venezuelano de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, durante um encontro em Caracas.
«As circunstâncias não deixam opção (…). A República da Venezuela é irrevogavelmente livre e independente», disse Jorge Arreaza à televisão estatal venezuelana.
Jorge Arreaza disse que «hoje, por decisão do Presidente da República, Nicolás Maduro, o Governo entregou à senhora Isabel Brilhante, que nos últimos anos foi chefe da delegação da União Europeia na Venezuela, a declaração como ‘persona non grata’». «Damos-lhe um prazo de 72 horas para que abandone o território venezuelano», disse.
O parlamento venezuelano, de maioria “chavista”, aprovou na terça-feira (23), por unanimidade, uma resolução pedindo ao Governo do Presidente Nicolás Maduro que declare “persona non grata” a embaixadora da União Europeia (UE), a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa.
A aprovação teve lugar a pedido do presidente do parlamento, Jorge Rodríguez, depois de a UE adicionar 19 pessoas à lista de sanções contra personalidades do Governo venezuelano, uma decisão que Caracas diz ser “errática” e atribui ao «fracasso dos planos intervencionistas» europeus.
«Levanto as minhas duas mãos para pedir que se declare a representante da UE ‘persona non grata’. Levanto as minhas duas mãos para apelar a que se revejam as condições em que existe um escritório (de representação) da União Europeia aqui na Venezuela», disse Jorge Rodríguez.
O presidente do parlamento disse ainda levantar as suas duas mãos «para condenar uma acção contra venezuelanas e venezuelanos, sanções que são contra a soberania da Venezuela» e contra «seres humanos dignos, leais à pátria de Bolívar (Simón)».
Esta é a segunda vez que a Venezuela declara a representante da União Europeia na Venezuela, a diplomata portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, “persona non grata”.
Em 29 de Maio de 2020, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou a sua expulsão, dando-lhe 72 horas para abandonar o país. A decisão de Nicolás Maduro foi tomada poucas horas depois de Bruxelas ter sancionado mais de 11 funcionários de Caracas.
A 2 de Julho, Nicolás Maduro saudou um acordo entre Bruxelas e Caracas para suspender a expulsão da diplomata e instou a UE a mudar a relação com o Estado sul-americano.
A UE adicionou posteriormente pessoas à lista de sanções que visam personalidades do regime venezuelano, devido ao seu «papel em actos e decisões que minam a democracia e o Estado de Direito» no país.
A decisão prende-se com as eleições legislativas que tiveram lugar em Dezembro de 2020 na Venezuela e que os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE se recusaram a reconhecer como «credíveis, inclusivas e transparentes».
Com o acrescento destes 19 indivíduos, o pacote de sanções contra a Venezuela visa agora um total de 55 personalidades, que estão proibidas de viajar para a Europa e têm os seus bens congelados no espaço europeu.
A União Europeia já reagiu à expulsão de Isabel Brilhante Pedrosa e diz lamentar «profundamente» esta decisão do Governo venezuelano de dar 72 horas à sua embaixadora em Caracas para abandonar o país, observando que tal «apenas conduzirá a um maior isolamento internacional da Venezuela».
Numa declaração à Lusa, um porta-voz comunitário disse que a UE exorta as autoridades venezuelanas a «reverter esta decisão», notando que a mesma prejudica «directamente» os esforços no sentido de, através do diálogo, ser encontrada uma saída para a crise actual.
«A Venezuela só ultrapassará a sua crise actual através da negociação e do diálogo, com o qual a UE está plenamente comprometida, mas que esta decisão prejudica directamente», complementou o mesmo porta-voz.
Caracas acusou na quarta-feira (24) a União Europeia (EU) de acreditar que é «dona do mundo» ao aplicar sanções contra venezuelanos, depois de notificar a embaixadora da UE.
«A UE respeita o Direito Internacional e os Direitos Humanos? Eles acreditam que são o centro do mundo e nada mais são do que a velha Europa, onde aconteceram os piores conflitos, guerras, de onde surgiram os que cometeram os piores genocídios na África e aqui na América Latina», disse o ministro das Relações Exteriores venezuelano. (In Lusa)