A equipa jurídica do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no sábado (21.11) que solicitou uma recontagem dos votos na Geórgia, depois de ter sido declarada a vitória naquele estado do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais.
Oresponsável eleitoral da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, certificou na sexta-feira os resultados eleitorais do estado, com Biden a ganhar a Trump por 12.670 votos em cerca de cinco milhões de votos.
«A campanha Trump apresentou uma petição para recontagem na Geórgia. Estamos concentrados em assegurar que todos os aspectos da lei do estado da Geórgia e da Constituição dos EUA sejam seguidos para que todos os votos legais sejam contados. O Presidente (…) e a sua campanha continuam a insistir numa recontagem honesta na Geórgia, que tem de incluir a correspondência de assinaturas e outras salvaguardas vitais».
«Sem correspondência de assinaturas, esta recontagem seria uma farsa e permitiria de novo a contagem de votos ilegais», acrescenta-se.
A lei da Geórgia permite que um candidato solicite uma recontagem se a margem for inferior a 0,5%.
Desde 03 de Novembro, dia das eleições, já foi feita uma recontagem de todos os votos na Geórgia. Mas como isso resultou de uma exigência obrigatória, não é considerada como uma recontagem oficial nos termos da lei.
A vitória de Biden na Geórgia alargou a vantagem no Colégio Eleitoral sobre o recandidato republicano à Casa Branca.
Biden foi declarado vencedor das eleições presidenciais a 07 de Novembro, depois de ter conquistado três importantes estados: Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.
Biden conta 306 delegados ao Colégio Eleitoral, contra os 232 de Trump.
Se Trump não sair da Casa Branca os militares vão intervir
Donald Trump ainda não está preparado para assumir a derrota, fazendo justiça àquilo que foi anunciando durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos da América.
Acredita que houve fraude eleitoral e que é impossível Joe Biden ter vencido, não se poupando a esforços para tentar alterar o resultado – mesmo que isso implique tentar desviar votos.
Mas o que acontece se o actual presidente se recusar a deixar a Casa Branca? Segundo a BBC, a constituição norte-americana é clara neste ponto: o mandato presidencial corrente termina ao meio-dia de 20 de Janeiro.
Nos 244 anos de História do país, não há registo de um presidente que se tenha recusado a deixar a Sala Oval depois de perder uma eleição. Donald Trump será incluído nos manuais escolares como o primeiro a desafiar a decisão democrática da população – confirmada pelos 270 votos no Colégio Eleitoral conquistados por Joe Biden.
Em entrevista a Trevor Noah, no passado dia 11 de Junho, o presidente eleito admitiu já ter pensado na possibilidade de Donald Trump não aceitar uma potencial derrota. Na altura, adiantou que o cenário mais provável, nessas circunstâncias, seria a intervenção do exército: os militares serão chamados a expulsar Donald Trump.
É necessário, porém, avaliar a lealdade das forças de segurança – incluindo os Serviços Secretos – ao actual presidente e ao presidente eleito. «Para um presidente abusar dos poderes da presidência para permanecer no cargo depois de aparentemente perder a eleição, seria difícil e destruiria as normas vitais, mas não é inconcebível», garante o professor Dakota Rudesill, especialista em política e legislação de segurança nacional da Ohio State University.
Citado pela BBC, indica que isso prejudicaria muito o país e as perspectivas globais da democracia, mas que é uma possibilidade. Contudo, Donald Trump não deverá ter sucesso nessa estratégia mesmo que equacione ir por aí.
«Os militares juram fidelidade à Constituição, não ao político actualmente no cargo. E o militar de mais alto escalão no país no momento, o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, disse repetidamente que os militares não terão nenhum papel nesta eleição», acrescenta Dakota Rudesill.