O Índice da Fundação Mo Ibrahim, que avalia parâmetros de governação, revela deterioração de direitos civis, segurança e desenvolvimento humano no continente.
O Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) registou em 2019 um declínio pela primeira vez desde 2010, atribuído a uma deterioração do desempenho em três das quatro categorias do índice: «Participação, direitos e inclusão», «Segurança e Estado de Direito» e «Desenvolvimento humano».
Esta trajectória não é totalmente inesperada, pois o progresso vinha a registar um abrandamento na segunda metade da década passada, com destaque para as categorias de «Desenvolvimento humano» e «Bases para as oportunidades económicas».
No mesmo período, registou-se uma deterioração em «Segurança e Estado de direito» e em «Participação, direitos e inclusão», mais acentuadamente nesta última categoria.
Ainda assim, o relatório ressalta que, ao longo da década, o desempenho geral da governação progrediu ligeiramente e que no ano passado 61,2% da população de África vivia num país em que a Governação geral era melhor do que em 2010.
Segundo o estudo, os avanços alcançados ao longo da última década foram maioritariamente impulsionados por melhorias nas oportunidades económicas e no desenvolvimento humano. Ao mesmo tempo, o continente também tem registado uma situação de segurança cada vez mais instável e uma erosão nos direitos civis.
Ao longo da última década, 20 países, que acolhem 41,9% da população de África, alcançaram progressos em «Desenvolvimento humano» e «Bases para as oportunidades económicas», mas, em simultâneo, caíram em «Segurança e Estado de direito» e em «Participação, direitos e inclusão».
O IIAG 2020 mantém as mesmas quatro categorias, mas passou a incluir novos indicadores sobre o meio ambiente e a igualdade e uma nova secção totalmente dedicada às Vozes dos cidadãos de África.
Uma análise da «percepção da população da governação geral» encontrou em 2019 a pontuação mais baixa da década, tendo o ritmo de deterioração quase duplicado nos últimos cinco anos.
Apesar de este relatório não analisar o impacto em África da pandemia de Covid-19, que só chegou ao continente em 2020, os autores antecipam um agravamento dos problemas em termos de «Participação, direitos e inclusão» e um impacto ao nível da evolução económica até agora positiva. (In AFP)