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Explosões na Guiné Equatorial: Menina retirada com vida depois de mais de 48 horas debaixo dos escombros

por Redação

Mais de 48 horas depois das explosões que mataram pelo menos 105 pessoas, dados ainda provisórios,na cidade equato-guineense de Bata, uma menina de cinco anos foi retirada com vida, 48 horas depois, dos escombros, pelas equipas de resgate, noticiou a imprensa local.

De acordo com a edição ‘online’ do jornal AhoraGE, que cita uma enfermeira do Hospital Regional de Bata, a criança, uma menina de cinco anos, foi retirada durante a manhã de terça-feira (09) pelas equipas de salvamento debaixo dos escombros de uma das casas do campo militar de Nkuantoma, onde ocorreram, no domingo (07), as explosões.

A criança, cujos pais ainda não foram identificados, foi encontrada «abatida e desidratada», tendo sobrevivido mais de 48 horas debaixo dos escombros, de acordo com a descrição da enfermeira.

A menor está internada e a receber tratamento médico no Hospital Regional de Bata.

Entretanto, no terreno, prosseguem as operações de resgate, com as autoridades de Malabo a serem apoiadas por elementos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e da agência norte-americana de Desenvolvimento na avaliação dos danos causados pelas explosões.

A cidade portuária de Bata, na parte continental da Guiné Equatorial, foi abalada no domingo por uma série de explosões, que ocorreram num quartel militar, provocando a destruição de edifícios públicos e de mais de uma centena de habitações privadas num raio de quilómetros.

De acordo com o mais recente balanço oficial, pelo menos 105 pessoas morreram e 615 ficaram feridas nas explosões, que deixaram ainda um número indeterminado de pessoas desalojadas.

A Guiné Equatorial decretou oficialmente três dias de luto nacional pelas vítimas das explosões em Bata e mobilizou 15,2 milhões de euros para responder à catástrofe em que morreram 105 pessoas.

«Declaram-se três dias de luto em todo o território nacional durante os dias 10, 11 e 12 de Março», refere um decreto assinado pelo Presidente da República, Teodoro Obiang Mbasogo, datado de terça-feira (09), dia em que visitou a zona das explosões.

O chefe de Estado declarou a cidade de Bata como «zona de catástrofe», determinando a ativação de «medidas urgentes para proteger os afectados e reparar os danos causados pelas explosões» que ocorreram no quartel militar de Nkuatama, provocando a destruição de edifícios públicos e de mais de uma centena de habitações privadas num raio de quilómetros.

De acordo com o balanço mais recente das autoridades, as explosões causaram 105 mortos (dados não definitivos) e 615 feridos, 133 dos quais permanecem internados nos hospitais desta cidade portuária, situada na parte continental da Guiné Equatorial.

O decreto prevê que seja desbloqueado um «fundo inicial de 10 mil milhões de francos CFA (cerca de 15,2 milhões de euros) para fazer face às necessidades financeiras de emergência».

O denominado Fundo de Emergência para Responder à Catástrofe de Bata será gerido pelo Comité Nacional de Emergências, presidido pelo Ministério do Interior.

O Governo da Guiné Equatorial reforçou, no mesmo decreto, o apelo à «solidariedade» da comunidade internacional e dos parceiros de desenvolvimento.

«O Governo está profundamente preocupado com a situação causada pelas explosões, que desencadearam um estado de catástrofe que se soma à emergência sanitária provocada pela pandemia do coronavírus», refere.

De acordo com as autoridades de Malabo, as «avaliações continuam» com vista a uma «actualização regular dos danos causados por este infeliz acidente, o que determinará a capacidade de resposta através da atribuição adequada dos recursos nacionais disponíveis e do apoio da assistência internacional, se necessário».

Paralelamente, acrescenta-se no decreto, o Governo «está a redobrar esforços para esclarecer por completo os acontecimentos e as responsabilidades» neste acidente.

Duas organizações não-governamentais (ONG) de defesa dos direitos humanos pediram hoje uma investigação independente às explosões de domingo.

A Human Rights Watch (HRW) e o EG Justice, grupo que promove os direitos humanos e a boa governança na Guiné Equatorial, defenderam também que, dados os «elevados níveis de corrupção» no país, doadores e grupos de apoio «devem enviar ajuda directamente para as pessoas afectadas em vez de para o Governo».

«Os residentes de Bata estão a sofrer. Merecem respostas credíveis sobre o que aconteceu e apoio imediato para tratar dos feridos, abrigar os desalojados e reconstruir a cidade. A única forma de conseguir isso é através de uma investigação independente e ajuda internacional entregue directamente às pessoas afectadas», afirmou o director do EG Justice, Tutu Alicante.

«Independentemente do que causou a explosão», a população merece «saber porque estão os militares a armazenar explosivos no meio de uma área povoada, se existem outras substâncias armazenadas que podem ser um risco público iminente e o que está o Governo a fazer para prevenir uma explosão semelhante no futuro», disse a investigadora sénior de negócios e direitos humanos da HRW, Sarah Saadoun.

Imediatamente após as explosões, o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, anunciou ter pedido aos «tribunais competentes» para conduzirem uma investigação, afirmando que a causa foramas queimadas em «terras próximas por vizinhos» e a «negligência da unidade» encarregada de proteger os explosivos.

Na mesma declaração, Obiang citou dificuldades económicas e a queda dos preços do petróleo devido à pandemia de covid-19 como razão para pedir ajuda internacional.

Antiga colónia espanhola, governada há 42 anos por Teodoro Obiang, a Guiné Equatorial, um país rico em recursos, mas com largas franjas da população abaixo do limiar da pobreza, integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.

Desde a sua independência de Espanha em 1968, a Guiné Equatorial, um dos principais produtores de petróleo de África, é considerado pelos grupos de direitos humanos como um dos países mais repressivos do mundo, devido a acusações de detenções e torturas de dissidentes e alegações de fraude eleitoral.

O chefe de estado de 78 anos, Teodoro Obiang governa o país com mão de ferro desde 1979, quando derrubou o seu tio Francisco Macias num golpe de Estado, e é o Presidente com o mandato mais longo do mundo.(In Reuters)

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