O Departamento de Defesa dos EUA vai enviar para a Ucrânia um novo pacote de ajuda militar, no valor de 275 milhões de dólares, para apoiar a contra-ofensiva de Kiev no sul do país, revelaram fontes do Pentágono
A ajuda dos norte-americanos visa em grande parte reabastecer milhares de cartuchos de munição para sistemas de armas já existentes, inclusive para os sistemas HIMARS, que a Ucrânia está a utilizar com sucesso na sua contra-ofensiva contra a Rússia.
Segundo o que foi divulgado na quinta-feira (27) pelas autoridades norte-americanas, este novo apoio pretende reforçar o esforço de Kiev que procura expulsar as forças russas de áreas-chave do sul do país à medida que o inverno se aproxima.
Os oficiais do Pentágono falaram sob a condição de anonimato, noticiou a agência Associated Press (AP).
Este novo pacote surge também num momento em que as autoridades federais tornaram públicos os esforços do Governo dos EUA para garantir que o armamento transferido para a Ucrânia não acabe nas mãos das tropas russas, seus representantes ou outros grupos extremistas.
O Departamento de Estado anunciou ainda na quinta-feira um plano em que observa que a contabilização de armas é particularmente difícil durante uma guerra ativa e quando não há grande presença dos EUA no terreno.
As autoridades norte-americanas têm enfrentado perguntas persistentes de alguns membros do Congresso sobre como o Governo está a responder pelos biliões de dólares em armas que foram enviados à Ucrânia.
No entanto, a administração liderada pelo Presidente Joe Biden recusou-se a detalhar o seu trabalho neste campo, por preocupações com o estado do conflito e receio que possa alertar possíveis contrabandistas sobre possíveis técnicas de evasão.
“Como em qualquer conflito, permanecemos atentos à possibilidade de actores criminosos e não estatais tentarem adquirir armas ilicitamente de fontes na Ucrânia, incluindo membros das Forças Armadas russas, durante ou após o conflito”, explicou o Departamento de Estado em comunicado.
O processo de contabilidade está a ser liderado pelos departamentos de Estado, Defesa e Comércio.
O plano inclui iniciativas de curto, médio e longo prazo, para reforçar a supervisão dos EUA e da Ucrânia sobre o material transferido, particularmente sistemas de mísseis e dispositivos anti-aéreos mais avançados, bem como para melhorar a aviação e a segurança nas fronteiras da Ucrânia para combater o uso indevido de armas e prevenir o possível tráfico de armas.
O Departamento de Estado realçou que o principal problema tem sido a apreensão de armas pelas forças russas à medida que avançam, e alertou que Moscovo pode usá-las para desenvolver contramedidas ou conduzir operações de ‘bandeira falsa’.
As armas avançadas adicionais já anunciadas pelo Governo norte-americano também estão a caminho da Ucrânia.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, referiu quinta-feira aos jornalistas que espera que os EUA entreguem os sistemas avançados de defesa aérea NASAM para a Ucrânia no início do próximo mês e que promovam formação militar às forças de Kiev.
Os EUA comprometeram-se a entregar dois dos sistemas de mísseis terra-ar de médio alcance para a Ucrânia em breve.
Lloyd Austin lembrou que a defesa aérea continua a ser a capacidade mais crítica de que a Ucrânia precisa neste momento.
Com os novos 275 milhões de dólares que serão anunciados, Washington já comprometeu quase 18.000 milhões de dólares em armamento e outros equipamentos militares para a Ucrânia desde o início do conflito.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
China preparada para “aprofundar” relações com Rússia
Enquanto isso, a China está preparada para “aprofundar” as suas relações com a Rússia “a todos os níveis” e “apoia determinadamente” Moscovo nas dificuldades, garantiu quinta-feira (27) o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, ao homólogo russo, Sergei Lavrov.
Apesar das relações turbulentas durante a Guerra Fria, Pequim e Moscovo aproximaram-se muito nos últimos anos, para contrabalançar os Estados Unidos.