Início Mundo EDIÇÃO ESPECIAL COM O ‘’PAI DA TURMA DA MÔNICA’’ -MAURICIO DE SOUSA

EDIÇÃO ESPECIAL COM O ‘’PAI DA TURMA DA MÔNICA’’ -MAURICIO DE SOUSA

por Redação

Entrevistado por: Joacles Costa

Correspondente do jornal no Brasil

Todas as edições dessa coluna são especiais. A edição de hoje é mais que especial. Vamos conversar e saber um pouco da vida do grande cartunista brasileiro chamado Mauricio Araújo de Sousa. Você não leu errado. É Mauricio sem acento e Sousa com s mesmo. Nasceu em 27 de Outubro de 1935. Iniciou a carreira como ilustrador em Mogi das Cruzes, uma cidade do interior de São Paulo – Brasil. Aos 19 anos, mudou-se para a Capital paulista. Em 1959 criou o primeiro personagem, o cãozinho Bidu. A partir daí vieram Cebolinha, Cascão, Mônica, e tantos outros. Em 1970, lançou a revista Mônica. Depois de passar pela Editora Abril e Editora Globo, assinou contrato com a multinacional italiana Panini. Cerca de 150 empresas nacionais e internacionais são licenciadas para produzir mais de três mil itens com os personagens de Mauricio de Sousa; suas criações chegam a cerca de 30 países. Escritor, membro da Academia Paulista de Letras, empresário, dono da Mauricio de Sousa Produções, criador da Turma da Mônica e um dos cartunistas mais famosos do Brasil.

Sobre Mauricio de Sousa

Teve uma infância cercada por um ambiente muito cultural. O pai era poeta, pintor, compositor e um barbeiro muito conceituado. A mãe também era uma poetisa, cheia de vontade que o filho se tornasse um cantor, entretanto, a timidez do menino não o deixou seguir carreira. Na casa deles, eram normais reuniões e saraus.

A primeira tentativa como desenhista profissional foi na redação do jornal Folha da Manhã (atual Folha de São Paulo). Lá trabalhou durante cinco anos, primeiro como revisor de textos e depois escrevendo reportagens policiais.

Fazia questão de usar capa, chapéu, como o personagem de quadrinhos chamado Dick Tracy, da qual ele era muito fã.

Nesta entrevista, Mauricio fala um pouquinho de como tudo começou. Confira.

Joacles Costa – Alguma profissão que você queria seguir antes de ser cartunista?

Mauricio de Sousa – Quando criança quis ser pianista. Mas carregar um lápis é mais fácil que carregar um piano. (risos).

JC – Como foi a início da sua alfabetização? Teve acesso a Gibis? Você teve incentivo à leitura?

Mauricio de Sousa – Eu tinha uns 4 anos de idade e passando pela rua vi um gibi, meio rasgado, caído junto a outros papéis. Gostei das figuras que vi, levei para casa e pedi para minha mãe ler pra mim. Ela leu, eu adorei e queria mais. Meu pai percebeu meu gosto e passou a levar mais gibis para casa. Mas eu queria mais leitura da minha mãe. Daí ela me explicou que não dava porque tinha outras atividades na casa e que eu deveria ler sozinho. E começou a me ensinar, letra por letra, palavra por palavra… Em três meses eu já estava lendo. Ainda lentamente, mas em evolução. Cheguei à escola alfabetizado… e nunca mais parei de ler.

JC – Houve algum artista do ramo que te inspirou, lá no início da sua carreira?

Mauricio de Sousa – Foram vários, mas o Will Eisner (fazia o personagem Spirit) é de quem recebi mais ensinamentos por suas histórias bem construídas e desenho primoroso.

JC – Como foi a criação do seu primeiro personagem?

Mauricio de Sousa – O Bidu foi criado a partir de um cachorrinho de minha infância, chamado Cuíca. Criei junto com o Franjinha, que era baseado em um sobrinho meu. Criei os dois para a primeira tira que publiquei na Folha da Tarde (atual Folha de São Paulo) em 1959.

JC – Criou algum personagem e depois desistiu de dar continuidade? Por quê?

Mauricio de Sousa – Sim. Quando criei o Cascão, logo engavetei, por receio de lançar um personagem que não tomava banho. Foi baseado em um amigo de meu irmão que realmente não tomava banho. Mas minha esposa, na época, Marilene, (mãe da minha filha Mônica) me convenceu a usá-lo dizendo que criança não gosta de largar das brincadeiras para tomar banho.

JC – Todos os seus personagens têm um nome. Como você busca ou buscou inspiração para criar os nomes deles?

Mauricio de Sousa – Como me inspiro muito em pessoas reais, costumo usar nomes verdadeiros. Quando não são parentes, batizo com um nome bem sonoro que agrade.

JC – Você já criou algum personagem baseado em você?

Mauricio de Sousa – Não. O Mauricio de Sousa que de vez em quando aparece nas historinhas é criação de pessoal do estúdio para me homenagear.

JC – Com esse avanço da tecnologia, você acredita que as revistas da Turma da Mônica, no formato impresso, sejam extintas e sejam produzidas apenas na versão virtual?

Mauricio de Sousa – A tecnologia sempre abre novas plataformas de comunicação. E estamos em todas. Mas os quadrinhos impressos ainda têm seu espaço. Ou eu perderia cerca de 10 milhões de leitores/mês. O quadrinho virtual está na nuvem. É de todo mundo. A revista impressa pertence àquela criança que a comprou ou ganhou. Vai para a coleção.

JC – A criança vê nos seus Gibis uma opção de entretenimento. Por esse motivo, qual a importância dos seus produtos (Gibis Turma da Mônica) para o desenvolvimento intelectual da criança na fase inicial de alfabetização?

Mauricio de Sousa – Lembra que falei que me alfabetizei com quadrinhos? Foi um passo para me interessar em ler livros. Em minha juventude, cheguei a ler um livro por dia. A leitura é um dos principais pilares da educação. Quanto antes estimularmos as crianças a ler, mais ela vai ganhar em educação e diversão.

JC – Que mensagem você deixa para quem está começando a carreira agora e pretende ser um profissional de sucesso, igual a você?

Mauricio de Sousa – Um bom profissional é formado por gostar do que faz, estudar muito e ser persistente. Estudando e praticando, não só desenho, mas lendo muitos livros para ser um bom roteirista. E, claro, planejando sua carreira.

E como o Pedrinho do século XXI vai à caçada?

Escrito em um período em que questões como o desmatamento da Floresta Amazônica não era uma tônica e que não se tinha consciência de que o hábito de fumar é extremamente prejudicial à saúde, este Caçadas de Pedrinho teve os trechos originais com enfoques intoleráveis nos dias atuais editados. Nesta obra o leitor encontra notas de rodapé com informações complementares, contextualizando diversas temáticas, além de esclarecer ao leitor, por exemplo, o significado de nomes e expressões tipicamente brasileiros presentes na obra original mantidas aqui como Orelha-de-pau, pé de grumixama, cacho de brejaúvas, entre tantas outras informações que sempre enriqueceram e diferenciaram a obra de Monteiro Lobato a partir da década de 1920.

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