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Entrevista com o Arquiteto Max Mello

por Redação

Por: Joacles Costa, correspondente do jornal 24 horas no Brasil

Mello | “Inspiração é a palavra-chave.”

O Arquiteto brasileiro Max Mello é nascido em Muqui – Espírito Santo, Brasil. É diplomado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, Brasil. Atua no mercado como arquiteto e designer de interiores há 30 anos com vasta experiência nos setores residencial, comercial e institucional. Há 20 anos participa ativamente em mostras de decoração de repercussão nacional tais como: Casa Cor, Decora Líder, além de expor os trabalhos em vitrines, revistas e catálogos de âmbito nacional. Fala inglês fluente, francês e espanhol intermediário, o que lhe permite participar de diversas feiras e congressos no exterior. É Sócio-proprietário e diretor de projetos do escritório Arquitetura Sem Limite, localizado em Vila Velha – Espírito Santo, Brasil. http://maxmello-arquiteturasemlimites.blogspot.com/ Contato: +5527988080661
Joacles Costa: O que o Estado do Espírito Santo – Brasil representa na sua vida?
Max Mello: O Espírito Santo é um estado privilegiado em muitos aspectos: primeiro pela sua localização geográfica entre belas praias e montanhas exuberantes, o que nos permite usufruir de um clima agradável o ano todo. Segundo, pela sua riqueza cultural e artística, o que nos dá um embasamento para desenvolvermos um design diferenciado do restante do Brasil. E, em terceiro lugar, pela sua economia diferenciada voltada para o mercado imobiliário, o que nos permite desenvolver projetos de ponta, tanto no setor residencial como comercial.

Joacles Costa: Do início da sua carreira, para hoje, os desafios de ser arquiteto mudaram?
Max Mello: Os desafios evoluem na medida que a sociedade evolui. Hoje vejo a minha profissão muito mais valorizada do que há 30 anos atrás. As pessoas em geral têm mais clareza do papel do arquiteto em relação à sociedade, ao indivíduo e à família. Isso também aumenta nossa responsabilidade em devolver à sociedade espaços mais humanos, mais belos, mais criativos, mais funcionais e com eficiência energética, sanitária e econômica.
Joacles Costa: Qual foi seu primeiro projeto fora do Estado do Espírito Santo? Que diferença faz a cultura na hora de projetar uma casa?
Max Mello: Uma mansão de 1000 m2 em Niterói – Rio de Janeiro, com uma vista espetacular da baía da Guanabara. Antes de elaborar o projeto eu sempre faço uma entrevista com o cliente e estudo o comportamento e o background cultural da família. O resultado foi a satisfação do cliente e um projeto surpreendente e moderno até os dias de hoje.

Joacles Costa: Em suas viagens você percebeu qual é a importância do ‘olhar estrangeiro’ e dos intercâmbios culturais na prática da arquitetura hoje?
Max Mello: Sim, cada nação tem uma forma de se apropriar do espaço e de se relacionar com seus vizinhos. A nossa arquitetura brasileira tradicional, por exemplo recebeu muita influência da arquitetura colonial portuguesa. As casas tipo sobrado coladas umas nas outras, terrenos estreitos e compridos, varandas que sobrepõem as calçadas, tudo isso foi herdado da cultura portuguesa. As novas tendências da arquitetura moderna de casas cercadas com fartos jardins, poucas paredes e espaços integrados vieram da influência norte americana e alemã na nossa cultura. Já o nosso design de mobiliário moderno sofreu grande influência da cultura italiana e de seus avanços tecnológicos na indústria mobiliaria.

Joacles Costa: Você tem referências no arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer? Algum outro arquiteto renomado te traz inspiração?
Max Mello: Oscar Niemeyer foi mais que um arquiteto. Ele foi um mito que criou uma arquitetura monumental de linhas orgânicas que inspirou gerações de arquitetos até hoje. Entretanto, poucos arquitetos (*) puderam seguir por essa linha, por ser muito dispendiosa e institucionalizada. (Por exemplo, o arquiteto espanhol Santiago Calatrava e a arquiteta anglo-iraquiana Zaha Hadid.) A maioria dos arquitetos da minha geração seguiu por uma linha modernista mais funcional inspirada nos ensinos da consagrada escola de design alemã Bauhaus e nas teorias urbanísticas de linhas puras e enfoque na escala humana do arquiteto franco-suiço Le Corbusier.

Joacles Costa: O que é arquitetura do futuro?
Max Mello: A arquitetura do futuro está mais para a casa dos Flintstones do que para a casa dos Jetsons (risos). A tendência para o presente (afinal já estamos em 2020) e para o futuro próximo está nas casas acolhedoras, elaboradas com materiais naturais como madeira e pedra, presença de muito verde, espaços fluidos e integrados, valorização dos recursos naturais e da escala humana. A presença da tecnologia em casa é importante, porém no sentido de aumentar o conforto da família, otimizar a economia de energia e monitorar ou garantir a segurança dos moradores.

Joacles Costa: Quais dicas aos profissionais que estão iniciando sua caminhada para este meio “Arquitetura”?
Max Mello: Minha dica para os jovens arquitetos é olhar para as lacunas da sociedade, os temas não explorados, os caminhos não percorridos. Assim eles poderão identificar novos rumos para a arquitetura contemporânea e novas formas de interpretar e projetar os espaços. Com os avanços da Internet e redes sociais há muita repetição de soluções e “mais do mesmo” no design mundial. De acordo com as “tendências” da arquitetura contemporânea internacional, uma mesma casa pode ser projetada na Rússia, na África ou na Indonésia, por exemplo. Isso tem que ser questionado e combatido pelas novas gerações de arquitetos visionários!

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