Início Economia Riqueza “ofuscada”: Mina do Lulo fornece mais um grande diamante branco de 131 quilates

Riqueza “ofuscada”: Mina do Lulo fornece mais um grande diamante branco de 131 quilates

por Redação

Endiama anuncia descoberta de um diamante branco de 131 quilates na mina do Lulo, o segundo de grandes dimensões num mês. “Estaremos entre os maiores produtores de diamantes do mundo”, diz ministro

A Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama) anunciou quarta-feira (21) a descoberta de um diamante branco de 131 quilates na mina do Lulo, província da Lunda Norte, considerado o 29º de mais de 100 quilates extraído naquela mina.

Segundo a Endiama, o referido diamante do tipo 2-A, encontrado no bloco 19 do Lulo em 13 de Setembro de 2022 é o quarto de mais de 100 quilates encontrado naquela mina este ano.

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, citado pelo comunicado da diamantífera estatal, considera que a nova descoberta é a prova do enorme potencial diamantífero do país.

“Estou absolutamente convencido de que com descobertas desta natureza estaremos, nos próximos tempos, entre os maiores produtores de diamantes do mundo. Da nossa parte, as empresas poderão sempre contar com todo o apoio institucional para garantir o bom desempenho das suas operações”, disse o governante.

Para o presidente do Conselho de Administração da Endiama, José Ganga Júnior, a descoberta deste diamante de “grandes dimensões e qualidade demonstra a qualidade da parceria entre a Endiama, a Rosas e Pétalas e a Lucapa Diamond”.

Este é o segundo diamante de grande dimensão extraído na mina do Lulo, este mês de Setembro, depois da primeira descoberta de um diamante de 160 quilates no dis 02.

A mina aluvionar do Lulo é operada pela Sociedade Mineira do Lulo, constituída pelas empresas angolanas Endiama (32%), Rosas e Pétalas (28%) e pela australiana Lucapa Diamond (40%).

“Rosa do Lulo” e tantos outros

Enquanto isso, recorde-se que a 27 de Julho do corrente ano,  anunciou-se que foi encontrado um diamante rosa de 170 quilates pela empresa australiana Lucapa Diamond Company, também na mina do Lulo. A valiosa pedra foi “baptizada” por “Rosa do Lulo” e foi considerada como a maior dos últimos 300 anos.

De acordo com o comunicado da Lucapa, Endiama e Rosas & Pétalas, parceiras na Sociedade Mineira do Lulo, o diamante de 170 quilates encontrado na mina do Lulo, no nordeste de Angola, é um dos maiores diamantes cor-de-rosa alguma vez descoberto e junta-se aos dois maiores diamantes já anteriormente descobertos em Angola na mesma mina.

A descoberta “histórica” deste diamante do tipo IIa, que agrupa pedras particularmente raras e puras, foi saudada pelo governo angolano, o parceiro da mina: “Este recorde e espetacular diamante cor-de-rosa do Lulo continua a mostrar que Angola é um actor importante no panorama mundial da extração de diamantes”, disse o ministro dos Recursos Minerais angolano, Diamantino Azevedo.

Garantiu-se, na altura, que a pedra seria vendida em leilões internacionais, devendo atingir um preço extremamente elevado.

De um tempo a esta parte têm sido encontrados nos diversos projectos de exploração de diamantes em Angola, dezenas das maiores pedras do mundo, todas acima dos 100 quilates, cujos valores ascendem a vários milhões de dólares.

A exploração de diamantes em Angola, nomedamente na região das Lundas, atingiram níveis assustadores. Porém, a sociedade não conhece os reais montantes que o Estado arrecada com as gigantescas empreitadas.

Há alguns anos, foi anunciada a descoberta de uma pedra de diamante de 558 quilates “top white”. De acordo com os classificadores de Catoca, na altura, a pedra era “única e aparecia pela primeira vez no mundo”.

Antes da referida descoberta, fora encontrada na Mina do Lulo, na Lunda Norte, uma pedra que foi classificada posteriormente como “o 27º maior diamante do mundo com 404,23 quilates”. A descoberta aconteceu no bloco 8 do aluvião de exploração do Lulo.

Responsáveis da Endiama disseram então que tal descoberta  impulsionaria o interesse internacional pelos diamantes do país, como se a existência de diamantes em Angola fosse uma novidade.

Ao que consta, a extração de diamantes no Lulo iniciou em 2015 e os exploradores têm apresentado resultados que consideram animadores. O referido diamante com 404,23 quilates teve um valor de mercado que ultrapassou 20 milhões de dólares depois de lapidado, destronando a pedra de 217,4 quilates encontrada pela “Angolan Star” em 2007, mas também foi ultrapassado pela gema “top white” de 558 quilates, encontrada no kimberlito de Catoca.

Enquanto isso, a exploração de diamantes em Angola, ao longo do tempo, tem levantado muitas suspeitas e dúvidas, com especialistas do sector a acusar as entidades envolvidas na exploração de diamantes em Angola de não divulgarem publicamente os minérios de alto valor que são descobertos em simultâneo, sobretudo no que toca aos diamantes de grande valia.

Segundo informações, por exemplo, a produção do primeiro trimestre de 2017, de Janeiro, Fevereiro e Março daquele ano, atingiu  719.719,96 quilates, que resultou num encaixe de 88.578 milhões de dólares americanos. A produção de diamantes Industriais no mesmo período foi de 714.735,97 quilates, ou seja, 87.246 milhões de dólares americanos, enquanto que a produção artesanal representou 4.983,99 quilates para um encaixe de 1.332 milhões de dólares.

Daí por diante, a exploração de diamantes só tem aumentado em diversos kimberlitos na região das Lundas, novas minas vão sendo abertas numa “gula” sem limites, numa acção que tem sido contestada por estar a causar enormes danos ao meio ambiente e constitui “um atentado ecológico jamais cometido em outra parte do mundo, pois os resíduos químicos são jogados para os rios circundantes, nomeadamente Chicapa e Luele, ambos afluentes do rio Congo, estando a causar autênticos desastres por causa dos produtos usados na mineração para a separação dos diferentes minérios” e, como consequência, provoca a morte das espécies subaquáticas, vegetação e poluição das águas de consumo das populações locais. 

No mesmo sentido, as críticas fazem referência  que “alguns governantes”, entre outros responsáveis, “aproveitam-se indiscriminadamente da exploração de diamantes fazendo fortunas que beneficiam as suas famílias e estrangeiros em outros continentes, em detrimento do Estado angolano e, principalmente, dos territórios que fornecem a riqueza, cujas populações vivem em extrema pobreza.

Para o regime que governa Angola desde a independência, quando se fala em subida ou descida dos níveis económicos, quando se fala em riqueza ou pobreza, só se aponta o petróleo. Para todos os efeitos, tudo no país depende em termos positivos ou negativos do petróleo. Todos os demais sectores geradores de riqueza são (propositadamente?) ofuscados pelo petróleo. As estatísticas só falam do petróleo, as finanças, aparentemente, só baseia os seus cálculos “no petróleo”. Os governantes só justificam os seus sucessos e insucessos com o petróleo. Para muita gente Angola só vive de petróleo.

Sendo Angola um país imensamente rico, a pontos de possuir riquezas ainda inexploradas, para não dizer desconhecidas, então o que é feito dos proventos gerados pelos demais recursos naturais que têm sido explorados à exaustão, como são os casos, nunca é demais repetir, dos diamantes, das rochas ornamentais, do ouro, cobre, zinco, minério de ferro, madeira e muitos outros em prospecção como as terras raras, titânio, lítio, neodímio e praseodímio, além dos frutos do mar que diariamente são surripiados às toneladas e levados para outros mercados em detrimento dos angolanos?

Fala-se muito na diversificação da economia, mas entre o falar e agir há uma grande distância. O sector dos diamantes é o que mais rouba, engana os angolanos e desgraça o país, ao longo dos tempos, desde que o país ascendeu à independência. Os diamantes angolanos enriquecem muita gente, cria valias e robustez económica em vários países, mas Angola, principalmente as regiões onde se explora a riqueza, nada beneficiam. Se alguma coisa fica nos cofres do Estado, é uma “gota de água no oceano” das enormes quantidades que são exploradas.

                                                                                                                                        (Com agências)

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