Início Economia Previsões continuam a assinalar dificuldades financeiras para Angola em 2021

Previsões continuam a assinalar dificuldades financeiras para Angola em 2021

por Redação

O Estado angolano está empobrecido e endividado, não dispondo de recursos capazes de o levar a lançar investimentos públicos geradores de emprego. A grandeza das reservas internacionais líquidas encontra-se em constante depreciação e a taxa de endividamento externo ultrapassa já os 100%, enquanto que há 4 anos situava-se em 62%.

Francisco Manuel*

O empresariado nacional está descapitalizado e o investimento privado estrangeiro é geralmente avaliado como «única possibilidade» de promover o desenvolvimento de sectores da economia produtiva como a agricultura e a indústria, potencialmente capazes de compensar os efeitos da desvalorização da indústria petrolífera.
Junta-se a tudo isso o facto de a equipa económica nomeada pelo Presidente João Lourenço ter, de modo geral, falhado na aplicação de políticas que, ao fim e ao cabo, se têm verificado incapazes para fortificar a economia, gerando reservas junto de investidores, quando avaliadas em comparação com outros países africanos com perspectivas económicas mais favoráveis.
Assim, conforme o ocorrido nos últimos 3 anos, as perspectivas para 2021 são bastante negativas, devido também ao efeito da pandemia, com consequências no investimento estrangeiro.
Segundo especialistas do sector, para melhorar a imagem do país junto dos investidores estrangeiros, dever-se-á aumentar, de forma concreta, o investimento no país, estimulando o crescimento económico e a criação de emprego. Contudo, as persistentes debilidades económicas e, mais recentemente, uma conjuntura internacional desfavorável, resultaram em níveis incipientes de investimento, tendo em conta as necessidades do país.
As condições de exercício orçamental têm-se agravado devido à quebra das receitas petrolíferas no decorrer de 2020, tendo-se acentuado posteriormente com o corte de 10% nas exportações, ao abrigo das decisões da OPEP, que obrigaram à negociação de reduções com os operadores dos principais blocos.
Com o fornecimento de petróleo à China, estimado em 800 mil barris por dia, cerca de dois terços da produção actual, e com o acentuar da fase de declínio da produção, tornaram-se mais urgentes os esforços em curso junto da China, para introduzir mecanismos de alívio no processo de remuneração das dívidas, através do fornecimento de petróleo, estando em causa a solvabilidade do Estado.
O insucesso na identificação de novas reservas petrolíferas nos últimos anos, consideram os especialistas, tornou a situação actual «crítica» e confirmam previsões independentes de rápido declínio da produção dos actuais poços. As novas projecções da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) colocam em evidência a urgência dos esforços de desenvolvimento de áreas marginais e novos blocos, em conformidade com a Estratégia de Exploração de Petróleo e Gás 2020-2025 (EEPG). Sem exploração de novas reservas, a produção do país irá cair 30% nos próximos 10 anos, ou seja, cerca de 400 mil barris por dia, podendo aumentar.
A fraqueza da moeda nacional (kwanza) ao longo de 2020, agregada à necessidade de compras e pagamentos ao estrangeiro, acelerou a descida de reservas de moeda estrangeira do Banco Nacional de Angola, que contraíram para 9,17 mil milhões de dólares, menos de 2,54 mil milhões de dólares desde Dezembro de 2019. Face a Outubro de 2017, a quebra das reservas é superior a 50%, e face a 2013-2014 é de cerca 100%. *(Com agências)

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