Falar de corrupção em Angola, tornou-se como que “o pão de cada dia”. Assim sendo, nos últimos tempos, vários são os sectores que têm sido apontados por especialista internos que, ao longo dos anos passados, e mesmo ainda nos dias atuais, prejudicaram o Estado angolano de tal maneira que, apesar de toda a riqueza que o país possui, hoje a economia angolana está nas ruas da amargura.
Francisco Manuel
Muitos projectos que foram concebidos e, aprovadas as suas execuções, depois de devidamente orçamentados, nunca conheceram o seu fim. Outros nem sequer começaram, mas os dinheiros alocados para a sua efetivação simplesmente desapareceram, sem que se prestasse contas. Um desses sectores, talvez o que mais recursos do erário público consumiu, e continua a consumir, sem benefícios para o país, é o da construção.
Quantos edifícios há que custaram somas milionárias e não têm qualquer qualidade? Quantos estão inacabados, mas as verbas esfumaram-se? Quantos condomínios estão espalhados por Luanda e pelo país, sem conclusão e outros que parecem concluidos transformaram-se em depósitos de lixo, esconderijo de meliantes e a degradarem-se a cada dia?
Quantas estradas e pontes foram feitas, porém de esferovite? Mal foram concluídas, dias depois já estavam intransitáveis, fazendo com que a realidade do país, em termos de circulação rodoviária, seja dramática.
A este propósito, recorde-se a explanaçãodo director do Centro de Estudos e Investigação Ciênticia da Universidade Católica de Angola, Alves da Rocha, quando disse que Angola poderá ter perdido mais de 20 mil milhões de dólares em corrupção só no setor da construção.
Sem avançar dados concretos sobre o nível de corrupção no setor da construção em Angola, o director do CEIC, Alves da Rocha, afirmou que os desvios podem ser calculados tendo como base o valor médio da estimativa feita pelo Banco Mundial ou seja 12, 5 porcento.
Isto pressupõe que os desvios de verbas no setor da construção estejam estimados em cerca de vinte mil milhões de dólares, perdidos em esquemas de corrupção.
Entre 2002 e 2017 o Estado angolano investiu cerca de USD 150 mil milhões de dólares em infraestruras.
Para aferir os custos de desenvolvimento de infraestruras em Angola, o CEIC-Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, realizou uma pesquisa conjunta com a OSISA-Open Society Angola e o CMI-Chr Michelsen Institute, um instituto de pesquisa independente na Noruega. O projeto, que teve o apoio do Banco Mundial, denunciou alegados esquemas de corrupção na Construção de infra-estruturas em Angola.
No que respeita o acesso à informação, os pesquisadores apontaram dificuldade de acesso através dos canais oficiais. O acesso à informação foi muitas vezes recusado pelos órgãos públicos competentes.
Em média anual, as atividades de reconstrução constituem cerca de 10 por cento do PIB.
O relatório refere-se por outro lado à exposição a que está submetido o setor da construção em Angola em que existem subornos facilitados por “insiders” do governo, o que reforça os problemas de corrupção.
O Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola revelou altos esquemas de corrupção no setor da Construção em Angola. As denúncias constam no relatório sobre “O Custo de Desenvolvimento de Infraestruras em Angola”.