Início Economia Angola não tira proveito da subida do preço do petróleo porque mais de metade da produção é “dada” à China

Angola não tira proveito da subida do preço do petróleo porque mais de metade da produção é “dada” à China

por Redação

Os proventos resultantes da actual subida dos preços do produto no mercado internacional são limitados para a economia de Angola. Quem beneficia de todas vantagens é a China que recebe o produto sem ajustes e ainda beneficia de juros

Estima-se em 22 mil milhões de dólares a dívida de Angola à China, perfazendo 40% da dívida externa registada. Na sua maioria, o referido montante é derivado dos diversos empréstimos contraídos com bancos chineses, em especial o Exim Bank e o BDC.

Os empréstimos aconteceram ao abrigo de um mecanismo designado por “Angola Mode”, que obriga o Governo angolano a fornecer petróleo à China em condições especiais de preço, ou seja, em amortização da dívida.

Assim sendo, Angola fornece mais de metade do seu petróleo em pagamento dos investimentos chineses em alegados projectos de construção ou reconstrução de infraestruturas, entre outros, de natureza industrial.

Os fornecimentos à China, avaliados em 600 mil barris de petróleo por dia (BpD), o que, no total, perfaz actualmente mais de metade da produção nacional. Para se ter uma ideia, em Fevereiro desta ano, 2022, foi fornecido à China cerca de 1.034.000 barris, contra 1.140.000 fornecido em Janeiro de 2022, ao passo que, o volume total do petróleo comercializado no mercado internacional oscilou, em 2021, entre cerca de 397.000 e 470.000 barris. Apenas a parte restante é comercializada.

Por este motivo e por efeito da baixa de produção petrolífera angolana, os proventos resultantes da actual subida dos preços do produto no mercado internacional são limitados para a economia de Angola. Quem beneficia de todas vantagens é a China que recebe o produto sem ajustes e ainda beneficia de juros.

Segundo informações postas a circular, as autoridades angolanas estarão a pressionar a Total a pôr em desenvolvimento os blocos petrolíferos 20 e 21, em que foram descobertos depósitos de petróleo e gás (Cameia, Orca, Lontra, etc) de elevado potencial. Os citados blocos foram inicialmente licitados pela companhia norte-americana Cobalt que, entretanto, tomou a decisão de se retirar de Angola, cedendo a sua posição nos dois blocos a favor da Sonangol que, por sua vez, viria a provir a sua venda à Total. 

Porém, as informações citadas ressaltam que as pressões do governo não estarão a ser inteiramente correspondidas pela Total, por razões supostamente relacionadas com a gestão dos seus investimentos à escala global. Ao que se propala, a aquisição, pela Total, da antiga posição da Cobalt nos blocos 20 e 21 terá obedecido a intenção de guardar reservas para desenvolvimento em momento oportuno.   

Enquanto isso, as informações referem também que a produção petrolífera angolana poderá baixar drasticamente para 900.000 barris/dia em 2022, contra 1,6 milhões anteriores à crise.   

Recorde-se que os empréstimos chineses a Angola representam cerca de um terço dos créditos de Pequim a todos os países africanos. (Com agências)

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