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Angola entre as previsões de Joe Biden

por Redação

O Presidente eleito dos Estados unidos da América (EUA), Joe Biden, conta na sua administração, revigorar a política africana do seu país. Angola consta das suas previsões.

Francisco Manuel*

Segundo fontes próximas da Casa Branca, Joe Biden entende que os EUA não prestaram a África, nos últimos 4 anos, a atenção que o continente requer dos americanos, considerando interesses geoestratégicos globais advindos do seu estatuto de superpotência.
Em relação a Angola, consta que os múltiplos esforços da Presidência para assegurar uma visita do Presidente João Lourenço à Casa Branca e para um possível encontro com Donald Trump nas Nações Unidas, não foram bem sucedidos.
Para a Presidência de João Lourenço aumentar o seu acesso a meios do Governo e empresariais norte-americanos, teve que recorrer a empresas de “lobby”, incluindo a “Squire” e a “Patton Boggs”, porque achava-se que um encontro com o Presidente dos EUA, seria importante para a recuperação do prestígio externo angolano e captação de investimento americanos, que tem sido escasso.
Na impossibilidade de realização do encontro, Mike Pompeo incluiu Luanda num périplo por diversos países africanos em Fevereiro do corrente ano.
Por causa da renegociação dos prazos de pagamento de dívidas, as relações China-Angola têm registado tensões. Dados do Ministério das Finanças indicam que, do total em dívida à China, metade, ou seja, cerca de 10 mil milhões de dólares, são devidos pela Sonangol, resultando o restante de financiamento a projectos de reconstrução. O serviço da dívida com a China em 2020 é de 2.678 milhões de dólares.
A pandemia Covid-19 acentuou a vulnerabilidade das economias nacionais perante a China e agravou a percepção de risco em diversos mercados africanos, dificultando o acesso a financiamento no mercado por empresas dos EUA ou europeias para investimentos no continente.
As empresas chinesas, sobretudo estatais, são menos afectadas, e os Governos africanos continuam a necessitar do financiamento de empresas estatais chinesas, ainda mais num cenário de tentativa de retoma pós-pandemia.
Assim sendo, a nova administração preconiza reforçar as relações com Àfrica, objectivando a criação de interesses e influências que permitam aos EUA competir directamente com a China, que tudo tem feito para se fixar, em todos os aspectos, no continente africano.
Os Estados Unidos da América considera que a China está muito “à vontade” em África, afectando, não só interesses norte-americanos, mas sobretudo os do próprio continente. Entende-se que as “ajudas” financeiras chinesas, pouco criteriosas, em vez de aliviar a situação de carência em países africanos, tem agravado a corrupção, bem como fenómenos de má governação e a pobreza.
Joe Biden passou a ser um entusiasta do estabelecimento de parcerias estratégicas, ou mesmo alianças, com países-chave do continente africano, enquanto vice-Presidente de Barack Obama, que entendia dever exigir-se políticas de respeito pelos direitos humanos.
Entretanto, os assuntos políticos africanos perderam relevância face às anteriores administrações, no mandato de Donald Trump, mas foram adoptadas medidas enérgicas tendentes a travar a perda de peso em África face a China e Rússia, principalmente em Moçambique.
Ao alargar o financiamento da operação do consórcio Mozambique LNG/ Área 1, em Cabo Delgado, por iniciativa do Export-Import Bank (EXIM US), os EUA anteciparam-se à China e Rússia, conferindo ao projecto um estatuto central no esforço da administração de Donald Trump, para inverter a tendência crescente de perda de influência dos EUA em África, atendendo as intenções “predatórias” chinesas e russas no continente, tal como descreveu, em 2018, o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton.
A esse propósito, o secretário de Estado Mike Pompeo, criticou com frequência a China por ter sustentado o endividamento dos países africanos.
Com o objectivo de implementar condições de crédito e garantias bancárias num conjunto de sectores em condições mais benéficas do que as praticadas pela China, o EXIM US lançou, em finais de 2019, o “Program on China and Transformational Exports”.
Sublinhe-se que o peso do continente africano no comércio externo dos EUA caiu para metade entre 2010-2018, tal como no investimento externo.
O lançamento pela administração dos EUA, em Dezembro de 2018, da “Prosper Africa Initiative”, por ocasião do Conselho Empresarial EUA-África em Maputo, definiu como objectivo duplicar as trocas comerciais com o continente africano, envolvendo 15 departamentos e instituições financeiras públicas, incluindo o EXIM, USAID e U.S. African Development Foundation (USADF). A iniciativa complementa o projecto da Zona de Comércio Livre da África Continental (AfCFTAA). *(Com agências)

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