Analista da agência de notação financeira Fitch Ratings, que segue a economia de Angola, considera que será difícil ao Governo garantir novos financiamentos para pagar dívida que vence nos próximos anos.
«Acreditamos que as autoridades angolanas vão continuar a servir a dívida em moeda estrangeira em 2020 e 2021, mas, com a data da amortização a aproximar-se, o Governo vai ter de garantir novas fontes de financiamento e isso pode ser difícil devido ao nível da dívida que Angola tem, e pode depender de um equilíbrio económico e do regresso a um crescimento económico robusto», escreveu Jermaine Leonard, analista da agência de notação financeira Fitch Ratings.
Num relatório especial destinado a responder às principais dúvidas dos investidores, Jermaine Leonard aborda a pergunta «Vai Angola tentar reestruturar a Dívida Privada» e escreve que «o cenário central da Fitch é que Angola cumpra as obrigações do serviço de dívida externa em 2020 e 2021 devido a uma combinação de reescalonamento de pagamento à China e a outros credores bilaterais, apoio de instituições financeiras multilaterais e recursos a reservas externas».
Segundo o analista, a boa relação entre Angola e o Fundo Monetário Internacional (FMI) «sugere a viabilidade de um programa de seguimento» ao actual (programa) e o país pode também recuperar o acesso aos mercados internacionais e recorrer a emissões para suprir os défices de financiamento.
Na resposta à questão central sobre a possibilidade de Angola reestruturar a dívida privada, uma possibilidade que a ministra das Finanças, Vera Daves, tem repetidamente afastado, Jermaine Leonard lembra que «o FMI apontou sérios desafios à sustentabilidade da dívida angolana», apesar de esperar uma descida dos 123% do PIB este ano para 70% em 2025.
«A Fitch prevê que a dívida de Angola aumente para 129% do PIB, ou 850% das receitas fiscais. E isto é indicativo das dificuldades de Angola em aumentar a receita não petrolífera», alerta o analista, acrescentando que este nível da dívida face à receita é mais do dobro da média de 356% dos países com o rating ‘B’.
Por isso, «apesar de as autoridades terem um histórico forte de implementação de reformas estruturais e orçamentais, um falhanço na redução sustentada do peso da dívida pode levar a uma situação em que o FMI torna a reestruturação da dívida privada uma condição para o apoio financeiro», concluiu o analista. (In DW África)